O poeta está vivo

agosto 19, 2024

Cazuza terá sua grandeza corroborada por fotobiografia e pela reunião de sua poesia em edições organizadas por Lucinha Araújo e por Ramon Nunes Mello

Ele eternizou-se como o grande poeta da nossa música pop – e essa pecha ninguém lhe tira. E também teve o (grande) mérito de, através da sua arte, revolucionar costumes levando o Brasil a mostrar sua cara. Estamos falando de Cazuza (1958-1990), um de nossos maiores compositores. Esse artista único terá sua memória reavivada por dois livros. Um deles com sua poesia e o outro, uma fotobiografia. As obras, organizadas por Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, e pelo poeta e jornalista Ramon Nunes Mello, chegam às livrarias em setembro numa parceria entre a WMF Martins Fontes e a Gegê Produções, de Flora Gil.

Cazuza tem finalmente (e merecidamente) sua produção poética reunida em “Meu lance é poesia”. A reunião traz 238 escritos – sendo 27 deles inéditos – produzidos entre 1975 e 1989, um ano antes de sua morte. Os textos foram distribuídos por cinco blocos, dedicados às décadas em que foram escritos. A edição é enriquecida ainda com ensaios assinados por Silviano Santiago e Ítalo Moriconi, grandes ensaístas das nossas Letras, além de reunir textos publicados originalmente na imprensa por Nelson Motta e Caio Fernando Abreu (1948-1996), entre outros.

As vidas pessoal e artística do artista, nascido Agenor de Miranda Araújo Neto, mesclam-se na fotobiografia “Protegi teu nome por amor”. Com prefácio de Gilberto Gil e a quarta capa escrita por Pedro Bial, a obra abrange em suas mais de 500 páginas, um período iniciado em 1950, quando Lucinha e João Araújo (1935-2013) começaram seu relacionamento, até Cazuza sair de cena, em 1990.

A edição é ilustrada também com reproduções de matérias de jornais e cartazes de shows, além de trazer textos assinados por grandes nomes da imprensa como Zuenir Ventura e Fernando Gabeira, entre outros. E não faltam ainda depoimentos de mestres como Caetano Veloso e Waly Salomão (1943-2003) e de companheiros de geração como a cantora Marina Lima.

“Sempre guardei o que estivesse relacionado a Cazuza, desde sempre. Colecionei suas roupas de bebê, seus cadernos escolares, suas fotos de família, amigos e trabalhos, além de seus primeiros rabiscos, como os poemas que revelariam mais tarde o poeta gigante que permanece com seus versos ecoando no tempo”, explica Lucinha no livro destacando o resultado da iniciativa: “Depois, quando ele ficou famoso por suas canções, arquivei tudo em relação a sua carreira meteórica”.

E isso possibilita agora que fãs e as novas gerações tenham em mãos parte representativa da grandeza de um artista para quem o tempo não para. E não há de parar nunca.

Posts recentes

Selando a amizade

Orquestra Forte de Copacabana faz turnê na China em comemoração aos 50 anos de amizade diplomática entre Brasil e China

‘Não vamos sucumbir’

O cineasta Miguel Przewodowski lança novo documentário sobre bastidores das escolas de samba do Rio de Janeiro

Que tiro foi esse?

A deputada federal Erika Hilton acusa Jojo Todynho de usar a causa LGBTQIA+ como trampolim e a chama de traidora