Florada sonora

junho 25, 2023

Lui Coimbra olha para as raízes do Brasil em álbum que comprova sua grandeza como pluriartista

Lui Coimbra tem com o violoncello uma relação sólida. No sentido literal da palavra, uma vez que o instrumento, tradicionalmente usado como acompanhamento, tem uma função de base para o instrumentista carioca. Essa relação levou-o a incrementar trabalhos de importantes artistas. É dele o cello ouvido em “As aparências enganam”, obra-prima gravada por Ney Matogrosso com o Aquarela Carioca, do qual Lui fez parte. É dele também o fraseado presente em faixas de “Mais simples”, um dos mais sofisticados álbuns de Zizi Possi.

Esse instrumentista tem fala própria, expressa através de suas composições. Esse lugar de fala, para usarmos uma expressão tão em voga, manifesta-se em “Roda_flor”, seu terceiro álbum e o segundo solo, lançado dez anos depois de “Ouro e sol”. O trabalho, já disponível nas plataformas digitais, traz as participações de Zeca Baleiro, seu parceiro em “Valsa para a Senhora D”, e foi certamente um dos últimos projetos do qual o percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016) participou.

No novo trabalho, ele dá vazão ao lado intérprete, em faixas como “Dona tá reclamando” (Dominguinhos\Minguinho) e “Melodia sentimental” (Villa-Lobos e Dora Vasconcellos) e põe melodia em textos de grandes nomes da poesia como o saudoso Mário Quintana (“A ciranda rodava o mundo”) e o português Tiago Torres da Silva, de quem musicou “Seguir o fado”. Tudo isso sem desviar os olhos (e os ouvidos) da diversidade cultural do país onde vive.

– São sons de um Brasil profundo, mas visto pela minha lente, de um cara urbano, do Rio, contemporâneo — aponta Lui, numa definição que pode se expandir para todo o álbum.

Crédito da imagem: Leo Aversa

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