‘Sempre gostei do rigor e da leveza’

janeiro 28, 2022

Marisa Monte fala à NEW MAG sobre a nova turnê, o ato de compor e como lida com o mercado fonográfico e a vida pessoal

Na virada de 1989 para a década de 1990, o país viu surgir uma gama de cantoras. Com estilos e propostas diferentes, elas esbanjavam talento. Entre elas, uma moça de pele alva, longos cabelos escuros e uma voz límpida e potente. Seu nome: Marisa Monte. As filas para suas apresentações cresceram e não demorou para ela chegar a grandes teatros e casas de shows. No seu segundo álbum, a cantora de voz potente mostrou-se uma compositora de estilo personalíssimo. Ao longo de 33 anos de carreira, Marisa Monte consolidou seu nome como uma das grandes artistas do Brasil e expandiu seu canto para além das fronteiras – quaisquer que elas sejam. Tudo isso sem nunca trair seus princípios e convicções. E ainda consegue, nesses tempos de superexposição nas redes sociais, preservar a vida pessoal e sua família, como ela mesma conta em entrevista exclusiva à NEW MAG.

As primeiras apresentações de “Portas” precisaram ser remarcadas em razão do diagnóstico para covid-19. Foi doloroso tomar essa decisão?

Sim, lamento muito por frustrar as expectativas do público e a da minha equipe. Graças às vacinas, fui um caso assintomático e pude voltar aos ensaios depois de alguns dias. Trabalhamos duro por meses para preparar o show. O setor cultural foi muito impactado pelas dificuldades e incertezas dos tempos recentes no Brasil e no mundo, mas tenho esperança de que, daqui para frente, as coisas melhorem.

 Tuas apresentações são sempre impactantes em termos técnicos e estéticos. O que o público vai encontrar na nova turnê?

O show é um meio audiovisual através do qual a gente pode lançar mão de recursos que vão além da música para potencializar a comunicação com o público. O repertório conta com canções de várias fases da minha carreira, uma banda estelar com Dadi (baixo, teclado e guitarra), Davi Moraes (guitarras), Pupillo (bateria), Pretinho da Serrinha (percussão, cavaquinho e vocal), Chico Brown (teclado, guitarra, baixo e vocal), Lessa (flauta e sax), Antonio Neves (trombone, adaptações e arranjos dos metais) e Eduardo Santanna (trompete e flugelhorn).

Com “Portas” você quebrou um jejum de 10 anos sem lançar um álbum solo. Em 33 anos de carreira, você está mais rigorosa ou mais leve com o ato de criar?

Sempre gostei do rigor e da leveza. Procuro fazer meu melhor e manter vivos a alegria e o desejo de estar no palco.

“Mais”, teu segundo disco, completou 30 anos. Ele era moderno quando foi lançado e assim se mantém. Há algo que mudaria nele? E o que mais te dá orgulho dele? 

Não mudaria nada. “Mais” foi para mim um álbum de muitas experiências, aprendizado, de descobertas, de novidades e de busca de um caminho autoral. Foi meu primeiro disco de estúdio, com composições próprias, com novos parceiros, produzido pelo Arto Lindsay com músicos incríveis no Brasil e em Nova York. Grande desafio de ir além de mim mesma naquele momento. Foi “mais” mesmo.

Você acompanhou de perto as transformações do LP ao streaming, assim como as mudanças no mercado fonográfico. Até que ponto elas te intrigam e impulsionam?

Comecei em LP, passei pelo CD, vivi a pirataria até chegar no streaming. Fui aprendendo e me adaptando a cada novo suporte que surgiu, sempre mantendo o mais importante que é o vínculo real com meu público, tanto nos shows quanto nas  turnês pelo Brasil e pelo mundo. Uma construção feita a longo prazo e muito artesanal.

 Em tempos de redes sociais, você é dos raros artistas que preservam a vida pessoal. Manter-se assim dá muito trabalho?

Não…  Acho que dá muito mais trabalho produzir e publicar conteúdo o tempo todo… Mantenho meu foco em fazer arte, mas não considero minha vida um entretenimento.

Crédito das fotos: Leo Aversa

 

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