‘O futuro da publicidade sempre será a busca da grande ideia’

fevereiro 1, 2022

Washington Olivetto fala da violência no Rio, suas peças publicitárias antológicas e sobre o futuro da propaganda em entrevista exclusiva

Midas era um rei com o dom de transformar em ouro aquilo que tocava. Em matéria de publicidade, Washington Olivetto é rei. E Midas. As peças publicitárias criadas por ele são ouro puro. Além de marcarem época, estão, até hoje, na memória afetiva de muitos brasileiros. Esse Midas da publicidade poderia deitar nos louros, mas não; ele se reinventa. Atualmente, dedica-se à verve de cronista e aventura-se pelo universo do podcast, através do qual entrevista diferentes personalidades – todos seus amigos, benquisto que é. Neste Dia do Publicitário, Washington Olivetto é o nosso entrevistado. Aqui, abrimos a cortina do passado, tratamos do presente e miramos no futuro (da publicidade). Washington fala de tudo com a naturalidade de quem tem no Tempo um senhor aliado. E tem mesmo.

Você já ganhou mais de 50 Leões em Cannes e é o único nome na América Latina laureado com o Clio Awards. Considera-se plenamente realizado ou faltou algo? 

Ganhei mais de 50 Leões só com comerciais e sou o único ibero-americano que ganhou o Grand Prix do Clio. Sou também o único não anglo-saxão a receber o Clio Lifetime Achievement e a estar no Hall da Fama do One Club for Creativity, em Nova York. Nos reconhecimentos à minha atividade não falta nada, mas falta sempre criar um novo trabalho que as pessoas comentem nas ruas amanhã cedo.

O Garoto Bombril, personificado por Carlos Moreno, foi certamente o garoto-propaganda mais longevo da TV brasileira. Até que ponto o sucesso de um personagem favorece ou atrapalha a criação publicitária? 

O Garoto Bombril está no Guinness Book como o mais longevo personagem da publicidade mundial. Nesse caso, o sucesso só favoreceu. Trata-se de um privilégio único. São quase 400 comerciais criados e produzidos com o mesmo personagem em 35 anos.

Nos anos 1990, a W criou para a Rider a campanha na qual um clássico era regravado por um grande artista da música. As gravações acabaram lançadas por aqueles que as gravaram. Qual a memória mais afetuosa que você traz dessa campanha?

A campanha de Rider releu mais de 20 clássicos da música popular brasileira. Gerou milhões de pares de Riders vendidos e discos de ouro a todos os compositores e intérpretes que participaram da campanha. Misturamos publicidade e cultura. Um privilégio e algo único na publicidade mundial.

Você sofreu um sequestro em 2001.  A violência no país só aumentou. No Rio, o narcotráfico disputa território com as milícias. Você já pensou em se envolver com a política de segurança no Rio? 

Sofri um sequestro, fui vitima, mas não continuei vitima. Procurei me distanciar do tema até para que não virasse uma paranoia pessoal. Tenho ajudado projetos sociais de segurança,  como ajudei o Disque Denuncia, de forma discreta, sem estar ligado a entidades governamentais.

Atualmente, você expõe a verve de cronista às segundas-feiras n’ O Globo. Escrever crônicas era um desejo antigo? Já pensou em escrever ficção? 

Sempre escrevi para diversos veículos. Mas nada como a disciplina quinzenal com que tenho feito às segundas-feiras no Globo. Tem sido muito prazeroso. A repercussão das colunas me motiva a escrever cada vez mais. Escrever ficção nunca fez parte dos meus projetos.

Até que ponto o avanço do streaming estimula ou preocupa a criação publicitária? Qual o futuro da propaganda?

O futuro da publicidade foi, é, e sempre será a busca da grande ideia.

 

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