‘O Fausto acreditou em mim’

agosto 21, 2023

Anselmo Zolla fala do começo na dança, a parceria com Vera Lafer na Studio3 Cia. de Dança e como foi ser jurado do Faustão

Anselmo Zolla desde jovem já sabia que seguiria carreira na dança. Foi bailarino até se tornar coreógrafo em companhias de dança na Alemanha e no Brasil, onde trabalhou com Deborah Colker. Em 2005 fundou, em parceria com a bailarina e empresária Vera Lafer, a Studio3 Cia. de Dança. Diretor artístico da companhia sediada em São Paulo, ele se prepara para a 5ª edição da Semana Paulista de Dança, evento em que é curador e vai acontecer no MASP entre quarta-feira (23) e domingo (27). Anselmo ganhou projeção nacional ao ser jurado técnico por diversas temporadas da “Dança dos famosos”, quadro de sucesso do “Domingão”, da TV Globo. Ele acompanhou o apresentador Fausto Silva quando trocou de emissora, e também fez diversas participações no programa “Faustão na Band”. Em entrevista exclusiva ao NEW MAG, Anselmo Zolla fala sobre a carreira, o trabalho desenvolvido na Studio3 e a gratidão que ele tem por Faustão

Você foi bailarino e hoje é um coreógrafo consagrado. Em que momento aconteceu a transição entre o Anselmo bailarino e o Anselmo coreógrafo?

Comecei a estudar ballet muito cedo, iniciei na dança aos 14 anos. Aos 18 anos percebi que ser bailarino, estar no palco, ser coreografado, não era a minha vontade. Eu era uma pessoa dos bastidores. Meu lugar era fazer a dança acontecer, não estar no meio dela. Isso ficou claro para mim. Desde então comecei a trabalhar como diretor e coreógrafo. Tinha 19 anos quando ganhei meu primeiro prêmio como coreógrafo. Claro que dancei por um pouco mais de tempo, mas já sabia meu foco. Não sou uma pessoa do palco, sou uma pessoa que fica atrás do palco e faz o palco acontecer.

Você criou obras para as companhias alemãs Azet Dance Company, Teatro de Heidelberg, Teatro de Mannheim e Teatro de Kaiserslautern. Qual é a diferença entre coreografar na Alemanha e no Brasil?

A Alemanha é um país que oferece muitas oportunidades. Foi lá que consegui me firmar como diretor e coreógrafo e montar minha companhia de dança independente. Dentro de um país que não era o meu e de circunstâncias que não eram minhas. Consegui credibilidade para montar a Azet Dance Company. Viajei o mundo inteiro com ela, também tive a oportunidade de ganhar o prêmio Shakespeare na Alemanha por uma versão minha adaptada de “Romeu e Julieta”. A partir daí entrei para os teatros oficiais alemães como o Kaiserslautern, Mannheim e Heidelberg, onde fui diretor de dança por 4 anos até decidir voltar ao Brasil. 

Desde 2005, você é diretor artístico da Studio3 Cia. de Dança, companhia fundada pela bailarina Vera Lafer. Qual é a maior característica da Studio3? Qual é a contribuição da Vera para a dança no Brasil?

Quando a Vera Lafer me convidou para montar a Studio3 Cia. de Dança me senti completamente honrado. Foi uma oportunidade que tive pelas mãos de uma pessoa que é uma das grandes cuidadoras, uma amante real da dança. A companhia nasceu com a possibilidade e a liberdade de falar da dança dela, sem depender de nenhuma instituição oficial ou algo atrás que colocasse metas. O Studio3 acontece de uma maneira muito espontânea e muito legal porque trabalhamos com bailarinos e diretor de primeira categoria. As produções são impecáveis. Isso vem graças ao olhar da Vera e a esse casamento que existe entre ela e eu. São 20 anos de trabalho em conjunto. O Studio3 se solidificou como uma companhia livre e mais importante do Brasil. Ela timbra a qualidade, o respeito e o profissionalismo em cada trabalho que ela apresenta no palco. 

Você é curador da Semana Paulista de Dança, que vai acontecer no MASP. O que o público pode esperar deste evento que chega à sua 5ª edição?

A Semana Paulista de Dança foi um projeto que implantei no MASP cinco anos atrás na tentativa de reativar e colocar de volta o auditório do museu no circuito dos teatros de São Paulo. O endereço do MASP é o melhor do país. Lá é um lugar que você percebe que a arte acontece, não à toa é o museu mais importante da América Latina. A dança estava longe de lá. O Studio3 então começou a fazer estreias nacionais lá. A Semana Paulista de Dança, que foi implantada em conjunto com a direção do museu, é a vitrine da dança contemporânea no Brasil. E agora traz também a dança clássica, a dança de salão, porque São Paulo é uma cidade multicultural. É nosso dever mostrar o que existe na dança para as pessoas, sem limitar o estilo, pelo contrário, abrindo as portas cada vez mais. 

O Fausto Silva se despediu da atração dele na Band, semana passada. Você trabalhou com ele como jurado no Domingão e mais recentemente no Faustão na Band. Quais são as lembranças que você traz do programa? 

O Fausto foi a pessoa que acreditou em mim, me deu uma visibilidade sem fim. Abriu as portas e me colocou na frente do Brasil inteiro. Na Globo foi um trabalho maravilhoso, assim como na Band. Agradeço muito em ser um parceiro dele. O Fausto é um visionário, ele acredita e ajuda as pessoas a se mostrarem. Ele fez um trabalho de abertura muito grande na televisão, mostrou as possibilidades de uma receita não programada e sim espontânea. Foi muito legal fazer parte. 

Crédito da foto: Leandro Menezes

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