‘Haverá uma Era de Ouro para o audiovisual’

janeiro 30, 2022

Uma das mais respeitadas executivas no ramo do Entretenimento, Mônica Albuquerque expõe seus planos à frente da WanrerMedia Latin America

A voz de uma pessoa vitoriosa. O título da canção de Caetano Veloso, composta em fins dos anos 1970, cai como luva na vida de Mônica Albuquerque. Primeira brasileira a figurar na lista da ‘Variety’ entre as 50 executivas mais significativas no ramo do Entretenimento, ela nunca deixou-se intimidar por desafios. Quando a TV Globo implementou diretorias segmentadas por gênero, ela estava lá (única mulher, aliás). Hoje,  dá as cartas na WarnerMedia Latin America, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, no qual responde pela gestão de talentos. À marca,  levou um time de feras, entre roteiristas e estrelas da TV. E ela quer mais, como conta à NEW MAG neste bate-papo exclusivo:

Você foi a primeira brasileira a figurar na lista da revista americana ‘Variety’ que homenageia as 50 mulheres de maior impacto e inspiradoras do mundo em segmentos do entretenimento. O que isso representa pra você?

F oi um acontecimento totalmente inesperado. Eu estava no Entretenimento há pouco mais de cinco anos. Foi interessante perceber que, de alguma forma, meu trabalho estava sendo observado e foi reconhecido. Foi muito emocionante. Quem me deu a notícia foi o Carlos Henrique Schroder (CEO da Globo na época). Telefonou logo cedo, animadíssimo, comemorando porque tinha acabado de receber o e-mail com o comunicado da revista. Na hora eu não entendi direito o que tinha acontecido (risos), mas fiquei feliz. Depois, fiquei mais feliz ainda, à medida em que me dei conta do que aquilo significava. Senti um orgulho muito grande por estar representando de alguma forma as mulheres da indústria audiovisual brasileira. Nosso país tem uma contribuição cultural muito grande para dar ao mundo, e eu acredito cada vez mais que vamos conquistar esses espaços.

 Na TV Globo, quando foram criadas as novas diretorias especializadas por gênero, você era a única mulher entre os diretores. Faltam mulheres em cargos de liderança nas empresas? 

Essa realidade vem se modificando com muitas batalhas e conversas. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas as conquistas femininas vêm crescendo. Acho que ainda falta diversidade de forma geral nas lideranças empresariais. Mas fico esperançosa em testemunhar todos os movimentos que tem sido feitos nestes últimos anos. Temos a obrigação de tornar o mundo um lugar melhor, mais saudável e inclusivo. Esse é o melhor legado que podemos deixar às novas gerações. Na WarnerMedia, temos muitas mulheres em cargos de liderança. A general manager da operação da WM no Brasil é uma mulher, Anna Andrade. Além disso, temos a WM Leadership Academy for Women, da qual faço parte juntamente  com mais de 20 mulheres que estão na liderança da companhia e que tem como objetivo formar mentoras que vão ajudar outras mulheres a chegarem a posições de liderança também.

A HBO Max anunciou recentemente que pretende desenvolver mais de 100 produções na América Latina nos próximos dois anos. Destas produções, quantas serão feitas no Brasil? Vocês vão construir estúdios próprios no país?

A pandemia impacta bastante no planejamento. Algumas produções só estão voltando agora. Brasil e México são os principais mercados da América Latina. Esses países têm a maior parte do volume de produções a serem desenvolvidas. Isso nos traz muitas oportunidades de desenvolvimento e crescimento. Essa é a melhor notícia. Nos próximos anos, acredito que haverá uma Era de Ouro para o audiovisual, com o amadurecimento do mercado e a formação de novos profissionais. E, dentro da filosofia de fortalecimento das regiões, continuaremos trabalhando com produção independente, reforçando as parcerias desenvolvidas e buscando novos parceiros também.

 O que o público pode esperar da programação da WarnerMedia nos próximos anos, empresa que engloba a HBO, HBO Max, TNT, TNT Series, TNT Sports, Space, Cinemax e Warner Channel?

Uma programação superdiversa, ampla, com conteúdos de qualidade, com capacidade para alcançar um grande leque de audiência. A WarnerMedia é uma empresa focada em conteúdo, com marcas e franquias fortíssimas que ocupam lugares de destaque no imaginário do público. A tradição desta empresa é inovar permanentemente e inspirar as pessoas através da qualidade dos seus conteúdos.

Você levou Angélica, Camila Pitanga, Murilo Rosa e Sandy para a HBO Max. Quem mais você sonha levar para a plataforma?

Nossa ideia é nos aproximar cada vez mais da comunidade artística de cada país. Autores, diretores e elenco são nossos parceiros primários para construir uma base de conteúdo que tenha a força do imaginário e das histórias de cada lugar. Com a ajuda da potência gerada por uma plataforma global, como a HBO Max, essas histórias ganham o planeta e esse intercâmbio cultural ajuda na criação de um mundo sem fronteiras, com mais compreensão às diferenças. É esse o perfil dos talentos com os quais desejamos trabalhar: os que acreditam nessa filosofia e que se entusiasmam em fazer essa transformação. Aqui no Brasil, além dos que você citou, também trouxemos autores como o Raphael Montes, Patricia Andrade, Elena Soares e diretores como a Joana Jabace e a Flavia Lacerda. Além é claro do mestre Silvio de Abreu, que, generosamente, está contribuindo para desenvolver um gênero de dramaturgia que decidimos chamar de telessérie, um hibrido entre a narrativa melodramática tradicional e o ritmo das séries. Ainda temos muitas conversas em andamento e tenho certeza de que estamos construindo um time coeso, entusiasmado e criativo. O futuro é empolgante.

Crédito: Divulgação\João Paulo Cotta

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