‘Eu sempre quis ser escritor’

junho 4, 2022

Walcyr Carrasco fala, em entrevista, da saudade de Walter Avancini, acena à ABL e revela planos futuros

A telenovela é um produto revelador da alma brasileira. Num país com tantos autores que dedicam-se ao gênero, poucos conseguem traduzir o comportamento humano tão fidedignamente quanto Walcyr Carrasco. Tanto é que o público reconhece isso e suas novelas alcançam excelentes números no ibope. “O cravo e a rosa” (2000), sua estreia na TV Globo, “Chocolate com pimenta” (2003) e “A dona do pedaço” (2019) são provas disso. Outro fato que comprova isso é o Emmy, prêmio máximo da TV internacional, dado a “Verdades secretas” em 2016. O talento que Walcyr tem para fabular o acompanha há muito. Aos 11, 12 anos, já queria ser escritor, como conta nesta entrevista ao NEW MAG. Aos 70 anos, segue firme e atento às novas tecnologias. Sobre o futuro, coloca-se na posição de aprendiz: ”é necessário estar em constante reciclagem”. Ele sabe mesmo o que quer. Coisa de craque.

Como aconteceu a transição do Walcyr jornalista, diretor de revista, para o Walcyr autor de novelas de sucesso? 

Eu sempre quis ser escritor, desde os 11, 12 anos. Paralelamente ao jornalismo, escrevia livros infantis, peças de teatro e me sentia fortemente atraído pela televisão. Eu gosto do jornalismo, mas foi também porque eu precisava de uma profissão que me desse um emprego imediato. Sei que isso, para muitos jornalistas, parece tão difícil hoje, mas, quando imperava a imprensa escrita, não era tão difícil para um recém-formando começar a trabalhar com carteira assinada.  Mas, para fazer a transformação, eu me dediquei trabalhando em pequenos projetos para TV nos finais de semana, abrindo espaço até conquistar minha primeira novela de sucesso, “Xica da  Silva”, na antiga TV Manchete.

Qual trabalho foi o divisor de águas na sua carreira? E por quê?

Sem dúvida alguma a “Xica da Silva”, na qual pude trabalhar com Walter Avancini que, além de diretor, foi um mestre que me fez evoluir, amadurecer como autor. Sinto falta dele até hoje.

Com qual ator e qual atriz você tem vontade de trabalhar, mas ainda não teve oportunidade?

São tantos os atores e atrizes com quem gostaria de trabalhar um dia, assim como são muitos os com os quais já trabalhei e quero trabalhar novamente. Eu não tenho uma lista tão organizada, mas são muitos, muitos!

Você publicou inúmeros livros, é membro da Academia Paulista de Letras e também da Academia Brasileira de Cultura. Candidatar-se a uma cadeira na ABL é um caminho natural?

Eu realmente publiquei muitos livros, assim como acho meu trabalho na televisão representativo e digno de uma vaga na ABL. Mas respeito profundamente a Instituição e suas decisões internas, portanto não me candidataria sem um sinal de que há um espaço para mim.

Como você se imagina daqui a dez anos?

Já estou com 70 anos, então não me imagino muito daqui a dez anos. Eu creio que,  se estiver aqui, estarei aprendendo, pois o mundo muda tanto, são tantas inovações que é necessário estar em constante reciclagem.

Crédito da imagem: Isabella Pinheiro

 

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