‘Bolsonaro não respeita as instituições democráticas’

março 22, 2024

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) comenta as revelações acerca da tentativa de golpe de Estado, opina sobre o desfecho do caso Marielle e fala dos planos na política

O noticiário político trouxe recentemente novos desdobramentos sobre a investigação da tentativa de golpe de estado impetrado  pelo então presidente Jair Bolsonaro juntamente com aliados políticos e as Forças Armadas, especialmente da Marinha.  Político com longa folha de serviços em prol da Democracia, tendo sido senador da República por mais de 24 anos, o hoje deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) conversou com NEW MAG sobre o perigo ao qual o Estado Democrático de Direito esteve sujeito assim que o resultado das eleições de 2022 foi anunciado.  “O ex-presidente Bolsonaro é responsável por ações que contrariam muito a democracia”, observa Suplicy, por telefone,  na entrevista, na qual destaca também do papel importante do ex-comandante do Exército Freire Gomes na defesa da Democracia, do possível desfecho do assassinato da vereadora Marielle Franco (1979-2018) e do desejo de ver implementado uma de suas mais importantes bandeiras: a instituição da renda básica no Brasil. 

Como o senhor recebeu os trechos dos depoimentos à PF divulgados recentemente que corroboram as tratativas para o golpe militar que acabou frustrado?

Os trechos divulgados constituem uma revelação de que Bolsonaro não respeita as instituições democráticas e a Constituição brasileira. O ex-presidente Bolsonaro é responsável por ações que contrariam muito a democracia. Trata-se de um procedimento muito grave, infelizmente praticado por alguém que recebeu a maioria dos votos do povo brasileiro em 2018.  

O ex-presidente Bolsonaro e mais outros nomes estão na lista de indiciados da PF. Qual a expectativa do senhor sobre o desfecho das investigações?

Toda pessoa com autoridade, como os ministros de Estado que agiram em corroboração dos propósitos contrários e desrespeitosos para com a Democracia brasileira, além do próprio ex-presidente, devem ser responsabilizados pelo que fizeram. Com amplo direito à defesa, conforme prevê a nossa Constituição. 

Qual a avaliação do senhor sobre a conduta do então comandante do Exército Freire Gomes, que alertou sobre  dar  voz de prisão caso o então presidente prosseguisse com as articulações? 

Foi uma atitude muito importante de quem sabe de sua responsabilidade e que conhece a constituição. Se ele observa o então presidente agindo de uma maneira que vai ferir as normas democráticas e desrespeitar as eleições, isso enseja um procedimento corajoso junto a autoridade maior do país. Ele teria a responsabilidade de prendê-lo, fosse Bolsonaro adiante no seu propósito. 

O presidente Lula se referiu a Bolsonaro como covardão. Como o senhor avalia esse comentário? O presidente não acaba por dar munição aos bolsonaristas?

Trata-se de uma percepção por parte do presidente Lula que certamente não vai agradar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Não vejo vantagem para os bolsonaristas em estarem utilizando essa expressão. Não vai ajudar o próprio Bolsonaro. 

O assassinato da vereadora Marielle Franco completou seis anos sem que os responsáveis pelo crime fossem de fato apontados. O senhor crê que, a partir do acordo de delação premiada dos assassinos, a sociedade verá enfim o desfecho do caso?

Acredito que sim, pelo fato de o ministro (da Justiça) Lewandowski, por quem tenho o maior respeito, ter afirmado estar muito próximo de desvendar o responsável pelo assassinato. O que ele falou precisa ser seriamente levado em conta. Estamos bem perto de saber como tudo aconteceu.

O senhor foi senador por mais de duas décadas. Com o que foi mais difícil de lidar nesse jogo de interesses entre o Legislativo e o Executivo?

Na minha vida pública, seja de vereador, deputado estadual, federal ou senador por 24 anos, o que aprendi e pratiquei foi nunca aceitar receber qualquer vantagem pessoal por algum benefício que o governo viesse a me colocar. Tenho por norma não fazer indicações de pessoas para cargos públicos. Nunca transmiti ao chefe de governo que colocasse tal pessoa em alguma secretaria ou ministério. Também sempre analisei cada proposição vinda do poder executivo pelo seu mérito e nunca por qualquer vantagem que eu pudesse ter. Esse é o meu procedimento até hoje. 

O senhor completa em junho 83 anos. Pensa em se aposentar da vida pública? O que podemos esperar do deputado Eduardo Suplicy para os próximos anos?

Continuarei batalhando em vida no maior dos meus esforços que é ver acontecer a realização da renda básica universal como um direito à cidadania. Insisti com o presidente Lula sobre a criação de um grupo de trabalho para estudar as etapas de como gradualmente passamos do programa Bolsa Família para implementar a renda básica como um direito a todos os brasileiros e brasileiras. Felizmente, ele aceitou e, da Alesp, vou dialogar com o ministro (das Relações Institucionais) Alexandre Padilha nesse propósito. O Brasil tem tudo para ser o campeão da Copa do Mundo da renda básica universal.

Quanto às eleições de 2024, o senhor vai apoiar a candidatura da chapa de Guilherme Boulos e Marta Suplicy para a Prefeitura de São Paulo?

Sim, estarei completamente empenhado pela eleição de Boulos e Marta Suplicy para derrotar o bolsonarismo na capital. A campanha é fruto da união do PSOL com o PT e demais partidos que também estarão ao nosso lado.

Com a colaboração de Bruno Nunes Costa

Crédito da imagem: reprodução / Facebook

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