‘Continuo querendo ser um Ricardo Amaral e um Roberto Medina’

março 27, 2022

O empresário Alexandre Accioly fala sobre seus feitos recentes no ramo do entretenimento, da relevância de investir no Rio, relembra os tempos de dureza e destaca a importância da família na sua vida

Alexandre Accioly tem fortes ligações com a indústria do entretenimento – em especial com a música – e com o Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. Na adolescência, época de vacas magras, encarava a trilha para o Morro da Urca, onde assistiu aos shows – os primeiros – de nomes do Rock dos quais veio a estar próximo. Empreendedor nato, Accioly encarou os riscos de ser seu próprio patrão. Se cometeu erros, como admite nesta entrevista ao NEW MAG, os acertos foram recompensadores. Para ele e para os cariocas, que, neste início de ano,  ganharam de volta o antigo Metropolitan, agora denominado Qualistage, e o Noites Cariocas – o tal evento que o levava ao Morro da Urca. Prestes a completar 60 anos em julho, o empresário é quem, juntamente com seus parceiros, abre portas, cria oportunidades, gera empregos e injeta ânimo numa cidade cuja autoestima precisa ser resgatada. Ele quer fazer mais pelo Rio e pelo país. Determinação é o que não falta a esse realizador que tem na mulher, Renata, e nos filhos (Antônio e Maria Carolina) seus alicerces. “Primeiro, eu penso neles”, reconhece.

Você começou aos 8 anos de idade comandando um grupo de engraxates. Hoje, está à frente da Bodytech, Fórmula, BTFIT, restaurante Casa Tua e agora inaugurou, ao lado do Dody Sirena e do Bernardo Amaral, uma mega casa de shows na Barra da Tijuca, a Qualistage. Você se orgulha da sua trajetória?

Sempre fui empreendedor desde cedo. Nunca tive carteira assinada, nunca trabalhei para ninguém, sempre por conta própria, empreendendo, errando muito na maioria das vezes,  com alguns poucos acertos. Mas os acertos foram, graças a Deus, maiores do que a soma dos erros. Então, tenho orgulho da minha trajetória, principalmente porque eu quero ser espelho para os meus filhos. Quero que eles tenham orgulho daquilo que o pai deles fez e faz, não só no âmbito empresarial, mas no pessoal, nos relacionamentos e nas amizades. Eu vejo meus filhos falando de empreendedorismo, querendo trabalhar e isso faz com que fique muito feliz.

Acha que, no Brasil de hoje, alguém com as mesmas condições que você teve na infância conseguiria chegar aonde você chegou?

Acho que as oportunidades são para todos. A gente precisa realmente acreditar, perseverar, batalhar, buscar e ter um norte na vida. O que quero ser quando crescer? Acreditando sempre nos seus objetivos sem medo de errar. Obviamente, um adulto com 30 anos tem ainda a possibilidade de arriscar muito, errar, poder arriscar novamente, errar e continuar arriscando atrás dos seus objetivos. Já uma pessoa com 50, 60 anos, tem que pensar 10 vezes antes de arriscar, porque pode ser que não tenha tempo para uma nova alternativa. Acho que, para um jovem que está começando, no passado ou no presente, as oportunidades são as mesmas. Logicamente que, quanto melhor a economia, mais oportunidade se gera, seja no emprego, na força de trabalho ou no empreendedorismo de uma forma geral.

Geralmente, grandes empreendedores se espelham em pessoas de muito sucesso. Em quem você se espelhou?

Roberto Medina, de quem sou fã desde que ele trouxe (ao país) Frank Sinatra e Barry White, o primeiro Rock in Rio e tudo o que ele faz. Ele sempre foi muito inspirador para mim. E o Ricardo Amaral. Esses dois continuam sendo minhas inspirações, e eu quero chegar muito perto do que eles fazem ao longo de suas vidas. Hoje, tenho os dois como queridos amigos, o que muito me orgulha e me honra. Desde a minha adolescência, eles sempre foram meus grandes ídolos e continuam sendo. Continuo querendo ser um Ricardo Amaral e um Roberto Medina.

Você já namorou algumas das mulheres mais bonitas do Brasil e, hoje, é muito bem casado com a linda Renata Padilha e possui uma bela família. Qual o peso da família na vida de um empreendedor de sucesso?

Tem aquele clichê de que, por trás de todo grande homem, tem sempre uma grande mulher. E vice-versa, obviamente. Com essa frase, consigo definir a família que construí. Tive a sorte de encontrar a Renata, ao lado de quem estou há 17 anos, e de criar uma família espetacular com meus filhos, Antônio e Maria Carolina. Nós somos os alicerces uns dos outros, muito colados os quatro. Nos momentos ruins, eles sempre me apoiaram, deram força para que não parasse de acreditar. Sem sombra de dúvidas, eles são o meu porto seguro. Hoje, minha vontade de viver é em função da minha família. Primeiro, eu penso neles.

Você já disse que dorme apenas 6 horas por noite, lê notícias de política e economia, tem aulas de inglês, vai ao cinema três vezes por semana e ainda cuida de todos os negócios. Você pensa em reduzir a quantidade de trabalho e se dedicar mais a você e à família?

Tenho a característica de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Respondo um e-mail, falo ao telefone já com a cabeça no próximo e-mail ou numa matéria que queira ler. Independentemente de eu trabalhar 20 horas ou uma hora por dia, as minhas horas de trabalho são muito produtivas. Em relação à parte pessoal, sempre fui cinéfilo, mas tenho que admitir que, com a pandemia, abandonei um pouco o cinema e mudei hábitos. Hoje estou mais nos streamings e tenho ido pouco ao cinema, embora adore a experiência de estar lá,  comprar pipoca e assistir ao filme. Espero voltar para minha vida normal nesse aspecto.

Você está à frente, juntamente a Luiz Calainho, do Tim Music Noites Cariocas, no Morro da Urca. O projeto, criado por Nelson Motta, foi palco de shows memoráveis nos anos 80. Você frequentou o Noites Cariocas? Quais são as lembranças que traz daquela época?

Subi muito o Morro da Urca pela trilha, porque não tinha grana para o ingresso. E assisti aos primeiros shows do Lulu Santos, Cazuza, Kid Abelha, Titãs… Lembro de ir ao lançamento do álbum “Thriller”, do Michael Jackson, num evento promovido pela gravadora. Sempre fui apaixonado pelo projeto do Nelson Motta. Muitas vezes eu subia, a segurança me pegava e me colocava no bondinho para descer. Era frustrante, mas não deixava de tentar subir novamente.

E o que te levou a resgatar o Noites Cariocas?

Em 2004, eu e o Calainho resolvemos trazer de volta esse projeto, que, este ano, comemora 42 anos. Acho que, dessa vez, ele veio para ficar, sempre em duas temporadas, uma no início do outono e outra em novembro. Temos a intenção de fazer sempre duas vezes por ano, antes e depois do verão. Eu e Calainho acreditamos que o Noites Cariocas seja um evento do carioca, para o carioca e que acaba tendo uma participação mais ativa desse público. Esse casamento com a Tim é um privilégio. É bacana ver os executivos da empresa participando ativamente da produção, do line-up, da discussão de mercado… É bacana ter uma empresa como a Tim empreendendo junto, num projeto que é motivo de orgulho para o carioca.

E quais os planos para o Qualistage? Pensa em expandir os negócios para o restante do país?

Bernardo Amaral, Doddy Sirena e eu  resgatamos o lendário Metropolitan, criado pelo Ricardo Amaral, não deixando que se transformasse num supermercado. Queremos que a casa seja de todos os espetáculos: esportes, games, shows, teatro, musicais. Já são mais de 60 shows marcados  para este ano. Isso vai fazer com que a gente agite esta cidade. Obviamente que eu quero fazer as coisas no Rio e crescer para o Brasil. Foi assim na época da 4A e é assim agora com a Body Tech, que nasceu no Rio e está em 17 capitais. Espero que seja assim com todos os demais projetos com que venha a me envolver.

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