‘A maturidade me levou ao autoconhecimento’

janeiro 5, 2024

Gloria Pires fala do aprendizado com a vida e a profissão, incensa Tony Ramos e comenta sua estreia, aos 60 anos, como diretora de cinema

Gloria Pires é Atriz com a maiúsculo. Um dos maiores nomes da nossa teledramaturgia, começou cedo na profissão. Seu primeiro trabalho na TV foi aos 4 anos de idade, na novela “A pequena órfã”, na extinta TV Excelsior. E logo ingressou na TV Globo. Por lá, ainda como atriz mirim, fez “Selva de pedra”. Depois vieram “Dancin’ Days”, “Vale tudo” e “Mulheres de areia”. Em comum, personagens que ficaram marcados na memória afetiva do público. E o mesmo pode ser dito sobre o cinema, onde brilhou em “Índia” e em “O quatrilho”, ambos de Fábio Barreto, e fez o público gargalhar no blockbuster “Se eu fosse você”. Sua versatilidade artística e seu talento lhe renderam prêmios como o APCA e do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Aos 60 anos, Glória dá vida à Irene de “Terra e paixão”, uma vilã que tem tudo para deixar saudades uma vez que a trama está na sua reta final. Ao NEW MAG, a atriz fala da parceria com Tony Ramos, sobre autoconhecimento e sobre encarar, aos 60 anos, os desafios de dirigir cinema. “Adoro ser desafiada pela minha profissão”, reconhece ela. Glória à Glória! 

Ano passado, você tomou posse na Academia Brasileira de Cultura. Como é para você ser homenageada e também reverenciar a memória de seu pai, patrono da cadeira por você ocupada?

Nunca imaginei uma honra como essa, assumir essa cadeira cujo patrono foi meu pai. Um grande artista mas, antes de qualquer coisa, um ser humano incrível. Ele e minha mãe permanecem muito presentes na minha vida.

Em “Mulheres de areia”, atualmente reprisada pela TV Globo, você contracenou com nomes como Paulo Goulart (1933-2014), Nicette Bruno (1933-2020) e Raul Cortez (1932-2006). O que você guarda do contato com esses três grandes nomes da dramaturgia? 

Cada trabalho traz desafios e aprendizados. Todos eles deixam memórias. “Mulheres de areia” foi muito especial, pois tive a oportunidade de conviver e contracenar com um elenco de atores incríveis, com uma troca riquíssima. Está sendo uma delícia rever a novela, embora não esteja tendo tanto tempo para acompanhá-la.

Muitas vezes você cogitou fazer teatro, uma delas com o texto escrito pelo Orlando. Você ainda pensa em encarar esse desafio agora que chegou aos 60? 

Adoro ser desafiada pela minha profissão. Com tantos anos de carreira é, de fato, algo importante para mim. No próximo ano tenho alguns trabalhos já concretos. Vou mergulhar no lançamento do documentário sobre o Balé Folclórico da Bahia, minha primeira direção. Na sequência, filmo “Sexa!”, longa-metragem no qual atuo como diretora e atriz. Por enquanto, não há nada no teatro. Por enquanto.

Você está no ar em “Terra e paixão” em mais uma parceria com Tony Ramos. Além da TV, vocês também fizeram enorme sucesso no cinema com a franquia “Se eu fosse você”. Como é contracenar com o Tony em uma trama em que ambos os personagens são vilões?

É uma delícia estar em cena com alguém que se tornou tão amigo, dentro e fora do set. E como já repetimos essa parceria muitas vezes, a gente se propõe a descobrir sempre algo novo. E ele é um ator muito generoso, um parceiro que joga junto. Fazer novela é muito intenso e trabalhoso. Exige dedicação, entrega e disponibilidade. Toma muito o nosso tempo e tudo bem, faz parte do processo. Porém, estar ao lado de alguém que ajuda a tornar tudo isso mais prazeroso e leve é um presente! Tony é esse presente.

Você assumiu os fios brancos e usa peruca na novela. Como foi para você lidar com a maturidade?

Ah, os fios brancos… É realmente libertador não ter que fazer algo pelo outro, por uma pressão estética. Assim como também é igualmente  libertador enxergar o belo naquilo que é natural. É desta forma que a maturidade tem chegado para mim, com a naturalidade que ela merece. A maturidade me fez buscar o autoconhecimento, o que tem melhorado muito a relação comigo mesma. 

Após “Terra e paixão” você encerra um ciclo de 54 anos de contrato com a TV Globo. Você pensa em atuar no streaming ou pretende produzir um projeto mais autoral?

O ano de 2024 começou bem animado, com muitos projetos que estão saindo do papel. Aguardem!

Crédito da imagem: divulgação

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