‘A lipo é a cirurgia mais realizada no mundo’

outubro 6, 2023

Neto de Ivo Pitanguy, o cirurgião plástico Antonio Pitanguy critica a harmonização facial, fala do legado do avô e de como a tecnologia afeta a saúde

O cirurgião plástico Antonio Pitanguy é a prova de que quem sai aos seus não degenera. Ele herdou do pai, Paulo Müller, e do avô Ivo Pitanguy (1923-2016) o talento para realizar procedimentos estéticos. Ainda criança, frequentava a Clínica Ivo Pitanguy e já se familiariza com o ambiente no qual  viria a trabalhar: foi lá onde se especializou em cirurgia plástica. Considerado um dos melhores de seu ramo, Antonio se destaca por suas técnicas e pela visão humanista que tem da medicina. Não à toa, faz parte da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos e é membro honorário da Sociedade de Cirurgia Plástica de Mônaco. Ambas reúnem os mais importantes profissionais da área no mundo. Em entrevista ao NEW MAG, o médico fala sobre a febre da harmonização facial, procedimento que divide opiniões, celebra o legado do avô e revela como a tecnologia pode ser prejudicial à estética. 

A harmonização facial está na moda. Qual é a sua opinião sobre este tipo de procedimento estético? Você gosta dos resultados que tem visto por aí?

De maneira geral, não gosto muito dessa abordagem. Tenho observado muitos casos de exagero que resultam em aparências pouco naturais. A face é nossa expressão de identidade e a forma como nos conectamos com o mundo, portanto, é crucial exercer cautela, equilíbrio e senso de harmonia.

Atualmente há o mau hábito das pessoas ficarem horas vendo celular e tablets. O fato de se olhar para baixo por muito tempo pode causar papada nas pessoas, além dos problemas posturais?

Sem dúvida, esse fenômeno recente é conhecido como “tech neck” ou síndrome do pescoço tecnológico. O efeito cumulativo de inclinar a cabeça para frente durante períodos prolongados pode levar ao envelhecimento precoce, especialmente na região do pescoço.

Qual é a cirurgia mais procurada pelas mulheres? E pelos homens?

Na minha prática clínica, a cirurgia mais procurada pelos homens e mulheres é o face lifting. De uma maneira geral, porém, a cirurgia mais realizada no mundo é a lipoaspiração, tanto para mulheres quanto para os homens. 

Há um limite de idade para se operar ou um paciente com mais de 90 anos, por exemplo, está apto para se submeter a uma cirurgia plástica?

Sob boas condições clínicas e psicológicas, não existe uma restrição de idade específica para procedimentos cirúrgicos. De fato, esse é um aspecto fascinante da cirurgia plástica, que abrange todas as faixas etárias, desde bebês com deformidades congênitas até senhoras em idade avançada.

O Brasil é referência mundial em cirurgia plástica e há muitos pacientes que vêm ao país especialmente para se operar. Você tem observado este turismo médico no Brasil para cirurgias plásticas?

Certamente, tenho acompanhado esse movimento desde minha juventude. Lembro-me de quando era criança e brincava nos corredores da Clínica Ivo Pitanguy. Ficava intrigado com a diversidade de idiomas que eram falados lá. O Professor Pitanguy colocou o Brasil no cenário mundial da excelência em cirurgia plástica, e essa tradição continua. Além dos serviços médicos, os pacientes frequentemente elogiam a receptividade e simpatia do nosso povo.

Você pertence a uma família de grandes cirurgiões plásticos. Além do seu avô, seu pai é  respeitado cirurgião plástico. Qual é a maior lição que você aprendeu com eles?

Aprendi que devemos buscar a superação diariamente e o conhecimento de forma constante, além de realizar nossas tarefas da melhor maneira possível. A humildade e a honestidade com os pacientes são valores fundamentais. Para ser um cirurgião plástico competente, é essencial ser um médico exemplar e, para ser um médico exemplar, a empatia é fundamental.

Crédito da imagem: Carlos Miller

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