Mil em um

agosto 5, 2022

Conheça cinco áreas nas quais Jô Soares brilhou e, através delas, mostrou que foi mais que versátil: único

O termo multimídia ganhou vulto na imprensa brasileira a partir dos anos 1980, muito influenciado pela turma da Vanguarda Paulista que flertava ao mesmo tempo com manifestações artísticas como a música e o audiovisual. Pois um artista brasileiro já era multimídia muito antes de o termo ser cunhado. Seu nome:  José Eugênio Soares, que viria a se tornar conhecido no país inteiro como Jô Soares. Para homenagear esse grande artista, que nos deixou na manhã desta sexta-feira (05), listamos cinco áreas nas quais ele sobressaiu mostrando que a versatilidade era (apenas) uma de suas muitas marcas.

Humorista

Sua estreia na TV deu-se em 1956, no humorístico “Praça da alegria”, então exibido pela Record. Seu último trabalho na emissora foi em “A família Trapo”, no qual vivia o mordomo Gordon e da qual era roteirista juntamente com Carlos Alberto de Nóbrega. Sua estreia na TV Globo dá-se em 1971, em “Faça humor, não faça guerra”, participando também de “Satiricom” (1973), “Planeta dos homens” (1976) e, em 1981, no humorístico que seria sua marca na emissora até fins dos anos 1980: “Viva o gordo”. Na mesma época, leva o formato para o palco inaugurando por aqui o que ficaria conhecido como “one man show”. O solo “Viva o Gordo, Abaixo o Regime” era uma provocação ao governo militar ainda vigente.

Cantor

O sucesso de sua personagem Norminha levou-o a gravar, como tal, um LP em 1972. O sucesso do Capitão Gay, outro de seus personagens inesquecíveis, levou-o a gravar, já na década seguinte, um compacto  (detalhe) que trazia, no lado A, a música-tema do personagem e, no B, a gaiata “Um croquete”, lançada originalmente em “Norminha”. Jô também participou como cantor do especial infantil “Plunct, plact, zuuum” (1983), cujo repertório foi lançado em LP no mesmo ano. No ano 2000, lança o registro ao vivo do show “Jô Soares e o Sexteto”, apresentado no Tom Brasil.

Entrevistador

Ao longo da década de 1980, Jô insistiu com a TV Globo que lhe desse espaço para um programa de entrevistas. Diante das recusas, migra para o SBT, onde, em 1988, estreia “Jô Soares Onze e Meia”. O programa foi de cara um sucesso, levando-o a ficar 12 anos no ar e, claro, virar o jogo. A TV Globo passa então a lhe fazer convites para voltar, o que finalmente acontece no ano 2000, quando o apresentador regressa à emissora com “Programa do Jô”, apresentado até 2016.

Escritor

Ao longo da sua trajetória, Jô escreveu peças teatrais e livros nos quais reuniu anedotas e causos humorísticos. A estreia como romancista dá-se de forma tardia, em 1995, com “O xangô de Baker Street”, no qual mistura ficção a fatos históricos, personagens célebres como o detetive Sherlock Holmes, criado por Conan Doyle (1859-1930), e a atriz francesa Sarah Bernhardt (1844-1923). Três anos depois, lança “O homem que matou Getúlio Vargas”, seguido de “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” (2005) e “As enganadas” (2011). Suas últimas obras são os dois volumes de “O livro de Jô”, com suas memórias, escrito  juntamente com o jornalista Matinas Suzuki.

Comentarista

Estivesse no humor ou fazendo entrevistas, uma atividade não foi abandonada por ele: a de comentarista. Entre 1983 e 87, comentou fatos político-sociais do país para o “Jornal da Globo”. A paixão pelo jazz levou-o a discorrer sobre o gênero em duas rádios: a hoje extinta Jornal do Brasil AM e, anos depois, na Antena 1. Durante a Copa de 2018, participou do “Debate final”, na Fox Sports. Foi seu último trabalho na TV.

O apresentado no “Programa do Jô”. Foto: Ramon Vasconcelos\TV Globo

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