‘O Brasil precisa se unir’

julho 21, 2022

A Academia Brasileira de Letras comemora 125 anos com fala de Sarney e homenagens a nomes e instituições da área cultural

Raras instituições no país conseguem completar 125 anos de atividades. A Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, conseguiu tal proeza, comemorada com a devida pompa na noite da última quarta-feira (20). Na ocasião, foram entregues ao antropólogo Roberto DaMatta o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra,  e as medalhas de mesmo nome e João Ribeiro à TV Globo e a Livraria da Travessa, respectivamente. A cerimônia contou com  personalidades como a pneumologista Margareth Dalcomo, o escritor Ruy Castro, o governador Cláudio Castro e o ex-presidente e ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Brito.

Após ler o discurso feito por Machado de Assis (1839-1908) na fundação da ABL, o jornalista e presidente da casa, Merval Pereira, acionou um botão que iluminou em verde escuro, cor da instituição,  a estátua do Cristo Redentor.

– No Brasil, você fazer 125 anos numa instituição cultural, mantendo a tradição e inovando permanentemente, é um êxito de gerações e gerações – disse Merval Pereira.

O segundo a discursar foi o decano da casa, o ex-presidente da República José Sarney. Relembrando nomes de importantes personalidades que passaram pela ABL e que ajudaram a construir o Brasil, Sarney encerrou seu discurso ressaltando a importância da democracia no país.

– Infelizmente, não é só a cultura brasileira que precisa neste momento ser defendida. Fui o presidente que conduziu a transição democrática, tenho a responsabilidade pessoal de defendê-la. Ela se consolidou pela prática continuada de eleições livres sob a vigilância segura do Supremo Tribunal Federal – declarou o imortal fazendo um apelo a todos os brasileiros: – Garantir que o Judiciário exerça em plenitude a sua responsabilidade é absolutamente necessário para que a democracia prevaleça. O Brasil precisa se unir em torno deste objetivo.

Em seguida, as atenções voltaram-se para o grande homenageado da noite, o antropólogo Roberto DaMatta, que recebeu o prêmio Machado de Assis, a maior honraria da casa entregue a escritores:

– Eu jamais pensei em falar, ocupar essa tribuna e muito menos aqui estar para agradecer o honroso prêmio Machado de Assis, conjugado com essa solenidade na qual também se comemora os 125 anos desta Academia Brasileira de Letras, que tem um peso, um centro de gravidade poderosíssimo.

Outras duas honrarias foram entregues na cerimônia: representando o Grupo Globo, o jornalista João Roberto Marinho recebeu a medalha Machado de Assis, e o empresário Rui Campos, dono da rede  Livraria da Travessa, foi condecorado com a medalha João Ribeiro, entregue a pessoas ou instituições brasileiras que, de alguma forma, se notabilizaram no âmbito editorial ou cultural.

Para encerrar a noite, o quarteto de cordas da Orquestra Sinfônica Brasileira executou peças como o primeiro movimento da “Pequena serenata noturna”, de Mozart; a primeiro movimento da “Valsa da serenata para cordas”, de Tchaikovsky, e o clássico “Carinhoso”, de Pixinguinha, que, assim como a academia, também estaria completando 125 anos se vivo estivesse.

Crédito da imagem: Richam Samir / ABL

O antropólogo Roberto DaMatta, em seu discurso de agradecimento
O antropólogo Roberto DaMatta em seu discurso de agradecimento

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