A escritora, professora, crítica literária e imortal Heloísa Teixeira receberá uma homenagem especial neste mês. O documentário “O nascimento de H. Teixeira” mergulha no processo de mudança do nome artístico da intelectual, antes identificada como Heloísa Buarque de Hollanda. O sobrenome era do marido, o advogado Luiz Buarque de Hollanda (1939 – 1999). Dirigido por Roberta Canuto e produzido por Clélia Bessa, amiga de longa data da perfilada, o filme ainda inédito será exibido na próxima quinta-feira (20), às 22h20, no canal Curta!.
– Imaginei que eu tinha de inventar outra história. A minha história tinha de virar um novo ator, novo personagem e começar de novo. Então a hora é essa de sair mudando o que eu quero, fazendo o que eu quero. E o jeito de começar isso é sendo Helô Teixeira – destaca a ocupante da cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que completa: – Sinto que olho para trás como futuro, que está acontecendo isso comigo. A minha mãe (de quem herdou o sobrenome Teixeira) é o meu princípio, é capitalizar o que você já tem. O que mais quero é usar o capital que produzi a vida toda.
O filme registrou, por exemplo, o momento em que ela tatuou o novo nome nas costas, entre outros momentos da autora diretamente ligada aos movimentos feministas e militante durante a Ditadura Militar
O documentário também visita outros momentos de Heloísa, com imagens de arquivo e depoimentos exclusivos. O enredo mostra ainda as ligações de sua vida e obra com a política, sociedade e cultura brasileiras.
– A gente não sabe nada do que se passa no universo que não é o da classe média branca. Não sabe mesmo. Por isso essa coisa do lugar de fala tem sua razão de ser. A gente não pode falar pelo outro, principalmente quando é de cor diferente, de classe diferente – conclui.
Crédito da imagem: Richam Samir (ABL)