São dois dos mais importantes quartetos vocais da MPB. Um deles é o MPB4, surgido em meados dos anos 1960. O outro é o Boca Livre, nascido no apagar das luzes da década seguinte. Os dois conjuntos cantaram juntos pela primeira vez em 1982, no Teatro Ipanema, celeiro de manifestações vanguardistas. O ano era 1982 e, na ocasião, o Boca fazia temporada em torno do LP “Folia”, lançado um ano antes. As apresentações contaram com participações especiais, uma delas do MPB4.
Pois esses dois grupos voltam a cantar juntos 42 anos depois desse antológico encontro – e no mesmo teatro onde cantaram pela primeira vez. O MPB4 é um dos convidados que o Boca Livre recebe, a partir deste mês, dentro do projeto “Terças no Ipanema”, realizado com curadoria de Flávia Souza Lima no antigo Ipanema, rebatizado de Teatro Municipal Ipanema Rubens Corrêa.
– Para nós, é uma emoção muito grande voltar ao Teatro Ipanema, que foi muito importante na nossa história. Pisar nesse palco de novo será muito significativo, com certeza – celebra Zé Renato, um dos fundadores do Boca juntamente com Maurício Maestro e David Tygel e cuja nova formação conta com Lourenço Baeta.
O conjunto vai receber, ao longo das quatro próximas terças, grandes nomes da nossa música como Vinicius Cantuária, que abre a temporada nesta terça (11), Guinga e Mario Adnet (18), o supracitado MPB4 e o superpercussionista Marcelo Costa (25) e ,encerrando a temporada no dia 1º de abril, Edu Lobo e João Cavalcanti.
A ligação do Boca com o Ipanema remete ao ano de 1980, quando o quarteto lançou ali seu LP de estreia, “Boca livre”, de 1979. Vem dessa época, aliás, uma lembrança de Zé Renato que remete à informalidade comumente atribuída ao carioca, como ele conta:
– Quando fizemos a temporada do nosso primeiro disco, os shows eram no final da tarde, às seis e meia. Lembro que o Cláudio (Nucci, a quem Baeta substitui) e eu saímos da praia direto para o teatro: tomávamos banho e ficávamos por lá.
Com esse calorão que suscita idas noturnas à praia, a ordem dos fatores pode muito bem ser invertida. Tudo é possível em se tratando de Rio de Janeiro e do lendário Ipanema.
Créditos: Christovam de Chevalier (texto), reproduções (imagens alto) e Frederico Mendes (foto 1982)
