São gênios da nossa música que, juntos, deram-nos verdadeiros clássicos. Dois dos nossos maiores compositores são reverenciados por uma das nossas mais respeitadas companhia de dança. Estamos falando de Chico Buarque, Francis Hime e da Studio3 Cia de Dança. O cancioneiro de Chico e, em especial, a parceria com Francis, inspirou “Francisco(s)”, espetáculo que a companhia apresenta no MASP Auditório após uma prévia que contou, na Sala São Paulo, com a orquestra e o coro Acadêmicos da Osesp. As apresentações são gratuitas e acontecem nesta quinta (14) e sexta (15), com ingressos distribuídos uma hora antes das sessões.
Com coreografias de Anselmo Zolla e direção cênica de William Pereira, o espetáculo traz os temas orquestrados pelo próprio Francis, exímio conhecedor da obra do amigo, para quem assinou arranjos de álbuns como “Meus caros amigos” (1976) e “ópera do malandro” (1979). E o espetáculo antecipa-se, segundo Francis, às celebrações pelos 80 anos que Chico completa em 2024. Isso mesmo.
A direção musical é de Wagner Polistchuk, regente da Osesp, e o roteiro é composto por três suítes, e o cancioneiro de Francis e Chico compõe a segunda delas. E estão lá “Passaredo” e “Meu caro amigo”, lançadas por Chico em 1976, além das pungentes “Trocando em miúdos” e “Atrás da porta”, esta lançada por Elis Regina (1945-1982) em 1972, inaugurando a parceria entre os autores.
O espetáculo destaca os diferentes aspectos da lírica buarqueana, ressaltando sua poesia e o olhar sobre o país, através de temas como “O que será”, “Rosa dos ventos” e, voltando à parceria com Francis, “Pivete”, retrato da nossa desigualdade social gravado por Chico em 1978.Tais características são acentuadas ainda pelos cenários e objetos de cena, que vão de espelhos ao célebre andaime de “Construção”, canção-título do LP lançado por Chico em 1971.
A ideia do balé surgiu após Zolla e Pereira serem convidados pela Fundação Osesp para, mais uma vez, levarem a Studio3 ao palco da Sala São Paulo. Impactado pelo show “Que tal um samba”, apresentado por Chico juntamente com Monica Salmaso, Pereira queria um espetáculo no qual as várias facetas do artista pudessem ser mostradas – e dançadas.
E o resultado é “Francisco(s)”, que já nasce predestinado a ser mais um carro-chefe de uma companhia que prima por grandes espetáculos.
Crédito da imagem: Leandro Menezes