Era o ano de 1986 quando Lygia Pape (1927-2004), Luciano Figueiredo e Waly Salomão (1943-2003) realizaram a primeira mostra póstuma de Hélio Oiticica (1937-1980). Na época, o Projeto HO era coordenado pelos três amigos e “O q faço é música” ocupou a Galeria São Paulo com obras antológicas do artista, cujo nome “Tropicália” foi retirado de um penetrável criado por ele nos anos 1960. Peças como “Relevo espacial 1959\1986” e “Parangolé P4, capa 1”, com o qual Caetano Veloso foi fotografado num registro marcante, voltarão a ser vistas pelo público 37 anos depois da histórica mostra.
“O que há de música em você” ocupará a Galeria Athena, no Rio de Janeiro, e vai estabelecer um diálogo entre as obras de Hélio e as de 20 artistas de diferentes épocas. A coletiva abre no dia 12 de setembro e terá nomes como o escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976) e os brasileiros Celeida Tostes (1929-1995), Ernesto Neto e Leda Catunda, entre outros.
– Quando Hélio fala de música, ele não está se referindo só ao samba, mas também ao rock, que ele encontra quando chega a Nova York – explica Fernanda Lopes, que vai além da célebre relação do artista com o samba: – Para ele, são ideias de música libertárias, pois dança-se sozinho, sem coreografia, são apostas no improviso, no delírio.