‘Donato era muito brincalhão’

julho 17, 2023

Joyce Moreno fala da última conversa com João Donato e da parceria que combinaram de fazer juntos

João Donato foi um dos primeiros artistas da música a chamar a atenção de Joyce Moreno. Ela era ainda menina quando seu irmão saía para assistir às apresentações do pianista na boate Plaza e, na volta, deixava a irmã mais nova a par das novidades musicais do gênio.  A admiração suscitaria, anos depois, uma amizade a partir da qual surgiria uma profícua parceria, intensificada nos últimos 20 anos, e que rendeu os álbuns “Tudo bonito” (2000) e, dez anos depois, “Aquarius”. A cantora e compositora fala ao NEW MAG do parceiro, que faleceu aos 88 anos nesta segunda-feira (17).

– Me aproximei do Donato nos anos 1980 e, nos últimos 20 anos, ficamos muito próximos, muito mesmo. Ele passou a ser da família. Todos adoravam ele – rememora Joyce, destacando a verve brincalhona do amigo: – Sempre que me via, ele me saudava com o brado de “Escândalo em alto mar”, numa alusão ao filme. Ele adorava dizer isso. Donato era muito brincalhão.

Joyce e Donato iriam fazer juntos o show que acabou apresentado só por ela, mês passado, em Los Angeles (EUA.) Eles chegaram a ter um ensaio, mas a saúde do compositor já dava sinais de que não ia bem. Tanto que, poucos dias depois, precisou ser hospitalizado.

A apresentação seria uma das muitas viagens realizadas juntos. Só ao Japão foram duas. E, nos intervalos entre as apresentações, novas parcerias aconteciam. Uma delas, “E vamos lá”, surgiu num camarim em Fukuoka, cidade litorânea japonesa.

–  Ele me enviava um trecho da melodia, eu a complementava e incluía a letra. Assim era nosso processo de composição – revela a cantora, que chegou a falar com o amigo, por telefone, quando voltou de Los Angeles.

Na conversa, a promessa de uma nova parceria. A artista tem uma melodia inédita do compositor, confiada a ela antes da pandemia, e prometeu concluí-la na viagem que faz ao Japão no próximo domingo (23), como ela conta:

– Quando ouvi o álbum dele com o Macalé (‘Síntese do lance”), achei que tinha reencontrado essa música, mas eram, na verdade, melodias irmãs, como muitas que ele faz. Estávamos nesse momento de definir como seria a canção, nos falamos e, no dia seguinte, ele voltou ao hospital.

A música tem esse poder: perpetuar o legado de quem a ela se dedicou. Era o caso desse sujeito revolucionário das melodias chamado João Donato.

Joyce e Donato em um dos muitos camarins que dividiram: parceria intensificada nos últimos 20 anos

 

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