‘Sempre teremos desafios e coisas a aprender’

maio 26, 2023

Vanessa da Mata fala do novo álbum, filhas, empoderamento e as perdas de Sueli Costa e Rita Lee

No início do novo milênio, uma voz despontou nas rádios e foi ganhando os corações do grande público. O timbre em questão era o de Vanessa da Mata, cantora e compositora das mais talentosas da sua geração. Transitando com maestria entre a MPB e o pop, ela é hoje, 20 anos depois, uma das mais populares (e queridas) artistas do país. As duas décadas de carreira são celebradas com um novo álbum, “Vem doce”, lançado em março, não por acaso o Mês da Mulher. No álbum, Vanessa compõe com companheiros de geração e com novos nomes, permitindo-se flertar com diferentes estilos musicais sem desfazer os laços com gêneros que a consagraram. As novas canções serão mostradas ao vivo em São Paulo (nesta sexta, 26, no Espaço Unimed) e no Rio de Janeiro, onde sobe ao palco do Vivo Rio neste sábado (27). “Explorar outros gêneros e trabalhar com artistas diferentes é sempre um processo enriquecedor”, constata ela, nesta entrevista ao NEW MAG, na qual fala de empoderamento, do que aprende com as filhas e lamenta as perdas recentes de Sueli Costa e Rita Lee.

Você compôs com dois importantes companheiros seus de geração, Ana Carolina e Marcelo Camelo, respectivamente, em “Eu repetiria” e em “Oi”. Como se deu a aproximação com esses dois nomes?

Sou amiga dos dois há anos e mantemos contato frequentemente. A música com a Ana Carolina foi feita há bastante tempo e tínhamos até esquecido dela. Quando estava escolhendo faixas para gravar, me lembrei e pedi que ela me mandasse essa canção, que fizemos juntas. Então gravei e foi isso. Com o  Camelo também. Já fui a muitos shows dele, ele e a Mallu (Magalhães) já foram em vários meus e mantemos essa relação. Ele me enviou a letra e a transformamos em música.

Um dos estilos pelos quais você se aventura no novo trabalho é o trap, que anda bem em evidência na cena pop de hoje. O que exatamente te atrai no gênero e quais artistas desse segmento chamam a sua atenção?

Explorar outros gêneros e trabalhar com artistas diferentes é sempre um processo enriquecedor para ambas as partes. O trap é superpopular aqui no Brasil e não tem como não se interessar por esse fenômeno. Adoro aprender com a nova geração e trazê-los para meu jeito de cantar e compor. Acho que isso mantém a música viva.

Algumas das faixas foram gravadas com afinação áurea, para transmitirem tranquilidade aos ouvintes. A tua relação com a serenidade ficou mais aguçada após a pandemia?

Sim. Resgatamos esse tipo de afinação em duas faixas do disco para explorar essas outras propriedades que a música oferece. É um desafio para a banda afinar os instrumentos todos nessa frequência, mas acho que ganhamos com isso. A serenidade no processo de compor e produzir esse álbum acabou refletindo em algumas dessas escolhas e gostamos muito do resultado.

Ao mesmo tempo em que Vanessa vem doce, ela tem o fogo e a foice. Você se sente plenamente empoderada ou há algum terreno no qual ainda queira se emancipar?

Sinto que o álbum lida bem com o equilíbrio de temas que a vida oferece. Acho que sempre teremos desafios e coisas novas a aprender, e é isso que me move. Recentemente, comecei a me aventurar pela pintura. Passava horas pintando telas durante a pandemia e me encontrei muito nesse tipo de arte. Não consigo ficar parada, sempre acabo achando uma nova linguagem para expressar essa curiosidade e fluxo de ideias que passam por mim.

Você é mãe de adolescentes, praticamente adultas. O que de mais valioso a mãe aprendeu com os filhos?

Entendi melhor como é o processo de aceitar a decisão de alguém que amamos, criando o espaço e carinho necessários para cometermos erros e acertos.

Recentemente perdemos duas das mais importantes compositoras brasileiras, Sueli Costa e Rita Lee. Como você, compositora talentosa, encara a orfandade dessas duas “mães”?

É triste perder figuras tão centrais da cultura brasileira, mas cabe a nós manter viva a herança que elas deixam. Fico contente por ter vivido e apreciado o quanto elas nos deram. Felizmente, a arte segue e carrega consigo o que nós não conseguimos.

São 20 anos celebrados com um álbum de número 7, cabalístico. Qual o principal conselho que a Vanessa de hoje diria à artista de 20 anos atrás?

Diria para ela se aventurar na produção musical mais cedo. Me encontrei nisso e adoro a liberdade criativa de compor que isso me dá.

Crédito da imagem: Priscila Prade

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