Era junho de 2022, e uma longa fila esperava para ter autografado seu exemplar do livro “Bibi Ferreira – A saga de uma diva”, que a atriz e jornalista Jalusa Barcelos lançava no Teatro Cesgranrio. O salão estava apinhado de grandes nomes do teatro, reunidos pelos RPs Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho. Sentada a poucos metros da mesa onde eram dados os autógrafos, uma senhora discreta e elegante trajando preto destacava-se. Era Jacqueline Laurence, um dos grandes nomes do nosso teatro, que nos deixou, aos 91 anos, na madrugada desta segunda-feira (17).
Nascida na França, Jacqueline radicou-se no Brasil onde atuou em espetáculos memoráveis sob a direção de nomes como Miguel Falabella e contracenando com grandes nomes da sua geração como a atriz e amiga Fernanda Montenegro, com quem fez dobradinha também em novelas como “O dono do mundo”.
A atriz fazia-se presente nas plateias teatrais por integrar o júri do Prêmio Cesgranrio de Teatro, mas há muito não atuava no teatro ou na TV. Ela vivia uma vida simples, como explicou ao NEW MAG na ocasião do lançamento supracitado:
– Não vou voltar a atuar. Não recebo mais convites para fazer teatro ou trabalhos na TV. Vou ao teatro prestigiar as montagens por integrar o júri do Prêmio Cesgranrio, mas, tirando isso, vivo uma vida simples.
A cada estreia de um dos seus colegas de ofício, era comum a atriz enviar flores com um cartão sucinto, no qual uma palavra destacava-se: “merde” (merda), como é tradição desejar a um artista na ocasião. E os votos abarcavam desde Italo Rossi (1931-2011) a Lulu Santos, acarinhado por ocasião de seu primeiro show no Canecão, em 1988.
Jacqueline era assim: afetuosa e elegante. E muito, muito talentosa. Que as novas gerações nela se espelhem.
Crédito da imagem: Cristina Granato