Ter vivido Heloísa de Lesbos na histórica montagem de “O Rei da Vela”, em 1967, já reservaria a Itala Nandi um lugar importante no panteão dos grandes nomes do nosso teatro. Libertária, ela fez, em 1969, o primeiro nu do teatro brasileiro, em “Na selva das cidades”, outra montagem que entrou para a História. Itala não é de deitar nos louros e encara, aos 80 anos (completados este mês), o primeiro monólogo da sua carreira. Criado e apresentado de forma remota durante a pandemia, “Paixão viva” terá sua primeira apresentação presencial nesta quarta-feira (29), no Teatro São Pedro, em Porto Alegre (RS), onde a atriz gaúcha será homenageada com uma placa por suas oito décadas de vida.
– “Paixão viva” é uma antropofagia no sentido de se aprofundar sobre o nosso país, sobre nossa área cultural. Eu vivenciei momentos importantes. Estava em Paris apresentando “O Rei da Vela”, quando, em maio de 1968, uma bomba de efeito retardado nos atingiu no hotel – recorda ela, em conversa com NEW MAG.
Sim, são muitos os grandes momentos vividos no teatro – por causa ou a partir dele. E Itala encara com serenidade o desafio de estar, pela primeira vez, sozinha em cena.
– Nunca tinha feito um monólogo, mas chegou a hora. Eu me emociono muito. E também rio. Começo a peça deitada no chão, às gargalhadas. Foi assim que ganhei, aos 15 anos, um papel para fazer “A cantora careca” – explica Itala.
A atriz conciliou o fazer teatral com os trabalhos na TV, onde estreou em 1964. Em 1990, ela viveu Madeleine na primeira versão de “Pantanal”, exibida pela extinta TV Manchete, e acompanha, na medida do possível, o remake exibido pela TV Globo. E acha graça num fato…
– Nunca dei tanta entrevista na minha vida como agora. Nem na época de “Pantanal’ dei tanta entrevista – diverte-se, antes de chamar atenção para as diferenças entre as duas versões:
– Hoje os recursos são outros, e a novela está diferente, mas é bonita de ver.
Crédito das imagens: Guilherme Scarpa