Luiz Melodia (1951-2017) imortalizou, através de seu canto rascante, pérolas que levaram-no ao panteão dos nosso grandes compositores. E o Negro Gato é merecidamente homenageado por Alma Thomas, que une seu vozeirão ao violão preciso (e precioso) de Renato Piau, parceiro de Melodia e seu músico por mais de três décadas.
A estreia nacional de “Melodia com Alma” agitou o Teatro Rival na última quinta-feira (1º de agosto), três dias antes de a morte do compositor completar sete anos. E muita gente bacana prestigiou a apresentação, idealizada e produzida por Carol Rosman, como mostram as fotos – e elas não mentem.
Piau é de fato um exímio violonista – um dos melhores do país – e dá provas disso na apresentação. Alma é uma grande cantora e, no caso deste projeto especificamente, sobressai justo quando contém os arroubos vocais. É que, em se tratando de um show de voz e violão, menos é mais. E isso é constatado no samba-choro “Estácio, eu e você”, no qual o timbre da artista casa-se muito bem com as cordas de Piau.
Os maneirismos vocais funcionam muito bem em canções que lembraram o Melodia intérprete. São os casos de “Codinome Beija-Flor”, parceria de Cazuza (1958-1990) e Reinaldo Arias recriada por Melodia para a trilha da novela “O dono do mundo”, da TV Globo. O mesmo se dá em “Negro gato”, rock de Getúlio Côrtes popularizadopor Roberto Carlos e comumente associado a Melodia a partir de sua regravação, em 1980.
O entrosamento entre Alma e Piau é cativante. E o violonista sai-se bem ao defender algumas das (muitas) parcerias com o homenageado, como no caso de “Cara a cara”, cujo refrão foi cantado em coro pela plateia.
O show faz jus ao legado de Melodia e tem tudo para, com o tempo, ficar mais azeitado. Afinal, trata-se de oportuno tributo que merece (e muito) ganhar o país.
Crédito das imagens: Marco Rodrigues