‘Viva a Nanda!’

janeiro 6, 2025

O reconhecimento a Fernanda Torres é festejado por seis importantes colegas de ofício e até de geração que falam ao NEW MAG sobre a querida atriz

Neste Dia de Reis, o Brasil saúda uma rainha. Fernanda Torres é ouro. Vencedora do Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz de Drama, na noite do último domingo (05), em Los Angeles (EUA), a querida atriz é merecidamente o assunto do dia – e, quiçá, da semana. Motivo de orgulho para nós, brasileiros, Fernanda é também – e há muito – uma inspiração para nossas mais respeitadas atrizes, algumas delas também suas colegas de geração.

E NEW MAG ouviu, na manhã desta segunda (06) algumas delas sobre esta importante conquista alcançada por Fernanda que, no filme “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, interpreta Eunice Paiva (1929-2018), a dona de casa que torna-se advogada e defensora dos Direitos Humanos após perder o marido, o deputado Rubens Paiva (1929-1971), morto pela Ditadura Militar no Brasil.

Fernanda Torres era ainda uma garota quando assistiu à antológica montagem de “As lágrimas amargas de Petra Von Kant”. No palco do Teatro dos 4, Fernanda Montenegro, Renata Sorrah e Juliana Carneiro da Cunha em atuações memoráveis. Renata, que é uma referência a muitas de nossas atrizes, festeja o merecido reconhecimento a essa atriz que ela viu literalmente crescer:

– Estou desde ontem muito emocionada com a vitória da Fernandinha neste filme tão importante e tão necessário para o Brasil e para o mundo. Esse filme provocou um movimento em todo mundo através da arte, e isso é muito lindo. O que desejo a nós todos é que a gente se torne cada vez mais fortes e firmes para celebrarmos a vida através da arte.

Artista que despontou nos palcos em fins dos anos 1970 e que, na década seguinte, pavimentou uma trajetória entre nossas maiores atrizes, Maria Padilha celebra o reconhecimento à qualidade da atriz que é Fernanda Torres. Maria, que militou na TV no início dos anos 1980, assim como a colega, destaca o fato de a premiação ser um estímulo a todos os atores brasileiros.

–  Senti como se todos os atores brasileiros estivessem sendo premiados juntamente com ela – celebra Maria sem disfarçar o contentamento: – Estou muito, muito feliz. Viva Nanda!

Esse sentimento de pertencimento também acometeu Deborah Evelyn. Um dos grandes talentos surgidos no teatro e na TV nos anos 1980, a atriz soube da vitória ao acordar na manhã desta segunda e festeja o fato de o Brasil ter conseguido se mostrar para o mundo:

– Foi como se o Brasil tivesse ganhado uma Copa. Uma alegria e essa sensação de que o Brasil conseguiu, mais uma vez, furar uma bolha e se mostrar para o mundo. E isso com um trabalho tão bonito, tão forte e tão emocionante da Fernanda, que é uma atriz genial, generosa e linda de se ver em cena, com uma história tão importante nesse momento que vivemos no Brasil e no mundo. É como se todos nós, brasileiros, tivéssemos vencido e nos mostrado para o mundo, na nossa força, na nossa criatividade e na nossa arte.

Aclamada com o Urso de Prata no Festival de Berlim em 1987, Ana Beatriz Nogueira ficou acordada até quase duas da manhã, atenta à premiação. E, diante do brilho de Fernanda, enterneceu-se com o caminho que é preciso percorrer até ali.

– Fiquei pensando em todas as etapas que precisam ser cumpridas neste caminho. No cinema, você recebe um roteiro a partir do qual  constrói sua personagem, algumas vezes partindo do nada, e depois de pronto o filme há todo um trabalho para que ele seja visto e, de fato, ele o foi. Há todo um caminho até esse reconhecimento – elenca a atriz ressaltando dois importantes méritos: – É a vitória da consistência e da insistência, vitórias do cinema nacional e de uma grande atriz brasileira!

Fernanda seguiu nos palcos e nas telas os passos da mãe, Fernanda Montenegro, reverenciada por ela nos agradecimentos. O mesmo aconteceu com Silvia Buarque. Silvia e Nanda são o que é chamado no meio teatral de “ratas de coxia”, quando as crias acompanham desde cedo a labuta dos pais no teatro.

– Eu tinha 16 anos quando vi pela primeira vez a Fernanda atuando. Ela fazia “Marvada carne”. A Nanda devia ter ali uns 19 anos e já era um espanto. Lembro dos olhos dela no filme, esses olhos imensos que ela tem. Nossa geração tem grandes atrizes, mas a Nanda sempre se destacou. Ela é uma gênia da atuação e, ainda por cima, escreve muito bem e até italiano ela fala como descobrimos recentemente. Tiro meu chapéu para ela desde sempre – incensa Silvinha como é carinhosamente conhecida no meio artístico.

A premiação coroa um trabalho que é, de certa forma, um divisor de águas na carreira de Fernanda Torres. A atriz conquistou a simpatia do público muito em razão de papéis em minisséries cômicas, como em “Os normais” e “Tapas e beijos”.

Uma das nossas mais respeitadas comediantes, Grace Gianoukas também festeja o prêmio e destaca que agora é o momento de o mundo conhecer uma atriz que o público brasileiro já acolheu e aplaude há muito.

– Quando a gente assiste a uma atriz ou a um ator com a excelência de trabalho como o da Fernanda Torres isso reafirma a escolha de todos nós por essa profissão – celebra Grace destacando que a atriz merece este e muito mais aplausos: – A Fernanda é um orgulho para todos nós e ela merece todos os prêmios e todas as melhores remunerações porque ela é realmente uma grande atriz. O Brasil já descobriu isso há muito tempo e agora é a hora de o mundo descobrir as maravilhas do Brasil.

E Renata Sorrah volta à baila  e manda um recado à atriz:

– Parabéns, Nandinha! Você brilhou e está brilhando e continue assim brilhando!

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