‘Um material muito grande’

maio 31, 2025

Tesouros de Bibi Ferreira são digitalizados numa iniciativa do instituto dedicado à grande atriz. E NEW MAG revela alguns dos itens

Bibi Ferreira (1922-2019) foi e, melhor dizendo, é (e para sempre será) uma das grandes damas do teatro brasileiro. Ela não está mais entre nós, mas seu legado e sua memória estão vivos. A grande atriz deixou um acervo de mais de 20 mil itens, entre figurinos, acessórios, objetos pessoais e de cena, instrumentos musicais, fotos e fitas, de áudio e vídeo. Pois cerca de 3 mil desses itens estão sendo digitalizados. A iniciativa partiu do Instituto Bibi Ferreira, criado pela atriz e diretora Tina Ferreira, filha de Bibi, e financiado pelo Instituto Cultural Vale.

– Acervo é uma coisa que precisa ser tratada, restaurada e, no caso dos figurinos, recriados, pois a roupa se deteriora como tempo – explica Tina ao NEW MAG, com exclusividade. O trabalho é desenvolvido com Alexander Costantino, ao lado de quem ela escreve, como antecipado aqui, a biografia da saudosa atriz.

A máquina em que foi escrita “Gota d’água”, marco do teatro brasileiro

Entre os objetos está a cadeira usada em “Piaf” (1983), considerado um dos grandes trabalhos de Bibi, e em cujo espaldar se lê o prenome da cantora francesa. Outro objeto que merece atenção é a máquina de escrever na qual Paulo Pontes (1940-1976) escreveu “Gota D’ água” (1975), marco do teatro brasileiro e um divisor de águas na carreira de Bibi, que, com a produção, quebra a tradição de estrelar superproduções estrangeiras.

– O Paulo escrevia um trecho da peça, e os escritos eram levados para o Chico (Buarque),que os devolvia com uma música, a partir da qual o Paulo continuava escrevendo o texto. E foi assim,nesse processo de idas e vindas, que “Gota d’água” foi escrita – entrega Tina.

Cadeira do cenário de Piaf

O trabalho é hercúleo, e há ainda muito a ser feito. Uma das preocupações de Tina é com a preservação de fitas de vídeo, muitas delas em VHS e outras tantas em Beta Cam. Esse tesouro não corresponde apenas à história de Bibi Ferreira, mas à do próprio teatro e da Cultura brasileiros, como salienta a atriz e diretora:

– Tudo isso é uma iniciativa do Instituto Bibi Ferreira. Tivemos o apoio do Instituto Cultural Vale e precisamos de mais apoios. É um acervo de praticamente 100 anos e que precisa de cuidados pois, caso contrário, ele irá acabar. No caso das fitas, são mais de 400 que, se não forem cuidadas, irão para o lixo. E são registros não só da mamãe, mas de outros artistas que já se foram. É um material muito grande!

E à altura do talento e do brilho de Bibi Ferreira, que, neste domingo (1º de junho), completaria 103 anos. Viva Bibi, seu talento, sua arte e seu legado! Legado que, mais do que nunca, precisa ser preservado.

Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e reproduções (imagens)

Um dos vestidos usados por Bibi Ferreira na antológica montagem de “My fair lady”
Capa usada por Bibi no show “Em pessoa”

 

 

 

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