‘Um Brasil que não tem mais’

junho 11, 2025

Hyldon tem sua relevância na música reconhecida em documentário com depoimentos de nomescomo Seu Jorge e Mano Brown

Era 1975, e uma balada composta por Hyldon arrebataria corações naquele ano e (o que certamente ele não imaginava) nas décadas seguintes e até os dias de hoje. A canção arrasa-quarterão era “As dores do mundo”,uma das faixas de “Na rua, na chuva, na fazenda”, álbum que se tornaria um clássico por mostrar que,sim,era possível fazer um soul genuinamente brasileiro.

O que muita gente não imagina é que a inspiração para o hit vem da obra de um dos mais importantes pensadores da filosofia. O cara em questão é Arthur  Schopenhauer (1788-1860). Foi a partir da leitura de “As dores do mundo”, do escritor alemão, que Hyldon teve a ideia para a canção, homônima à obra.   E um fato, calcado na relação do escritor com a mãe, impactou em especial o compositor:

– Ela também era escritora, mas com 14 anos, ele já estava ganhando prêmios. E a mãe tinha muito ciúmes dele. Dizem que ela tentou matá-lo e acho que ele ficou traumatizado em relação à mulher, indo contra o amor romântico.

A declaração é uma das preciosidades de “As dores do mundo”. Dirigido por Emílio Domingos e Felipe David Rodrigues, o documentário coroa os 50 anos de lançamento do LP “Na rua,na chuva, na fazenda” e traz depoimentos de nomes como Sandra Sá, Seu Jorge, Liniker e Mano Brown, que enaltece o fato de o cancioneiro do autor ser genuíno e latente até hoje:

– É um Brasil que não tem mais. Hyldon cantava a paz, o amor. Era o auge do cara esperto da periferia, o cara que tinha bom gosto. Essas músicas continuam tão boas ou até mais do que antes.

O filme terá sua primeira exibição pública no domingo (15), no Cinesesc, em São Paulo, como parte da programação do In-Edit Brasil. A produção será exibida também na Cinemateca Brasileira, no dia 19, e, dois dias depois, no SPcine Olido, seguindo para outros festivais.

O tempo passa, e o compositor mantém-se fiel à música e a si mesmo, semdesistir daquilo que o motiva a criar e a perseverar na música: o amor.

– Sou um homem eternamente apaixonado – arremata.

E alguém duvidava disso?

Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e João Müller Moura (imagens)

Mano Brown é um dos talentos da nova geração a dar seu depoimento para o filme: “músicas continuam boas”

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