Abadiânia, Goiás, 2018. O médium João de Deus foi preso acusado de estupro e violação sexual mediante fraude. Pelo menos 66 vítimas fizeram denúncias e, em setembro de 2023, ele já somava ao menos 56 condenações. O criminoso, que já teve sua vida retratada em documentários, terá sua história narrada em uma série. “João sem Deus – a queda de Abadiânia” é dirigida por Marina Person e teve sua pré-estreia no Festival do Rio. Em conversa com o NEW MAG, a diretora falou da emoção de estrear no Cine Odeon, templo do cinema no Centro da cidade.
— Como é um festival de cinema, não esperava que fosse estar aqui com a série. Faz toda a diferença assistir qualquer produto audiovisual em tela grande, na sala escura, com o público presente, é outro tipo, não melhor nem pior, mas para mim que sempre gostei de fazer cinema, é uma emoção à parte — celebrou Marina, que estreou seu primeiro longa-metragem, “California”, na edição de 2015 do Festival do Rio.
O enredo da série “João sem Deus – a queda de Abadiânia” narra a trajetória de três mulheres que são abusadas pelo médium interpretado por Marco Nanini. As situações vividas pelas personagens de Karine Teles, Bianca Comparato e Maria Clara Strambi foram relatadas por vítimas do criminoso.
— Tentei ser muito fiel aos personagens reais. Eu e toda a produção nos baseamos muito nos documentários, nos depoimentos das vítimas. Diálogos, situações, embates, de uma forma ou de outra, foram inspirados em fatos reais — contou Marina, que explica as personalidades das personagens: — tem o arquétipo da mulher que tem muita fé, e para ela é muito difícil aceitar que o médium cometeu aqueles crimes. A que foi abusada e não consegue relatar o que aconteceu, até que se sente encorajada porque outras mulheres vieram e romperam o silêncio. E a terceira, que se dá conta de que foi abusada quando vê o relato de outras vítimas, porque pensava que tinha um relacionamento único com o João de Deus.
Marina Person se tornou conhecida do público quando era apresentadora (ou VJ) da MTV Brasil. Formada em cinema, ela foi para a televisão acreditando que ficaria por pouco tempo na emissora, mas acabou se tornando um dos principais rostos do canal, onde ficou por 15 anos. À frente do “Cine MTV”, ela fazia coberturas do Festival do Rio.
— As primeiras vezes que estive no evento foi como repórter e diretora do Cine MTV. Fiz grandes entrevistas para o programa. É algo muito especial para mim, que durante muitos anos esteve do outro lado, entrevistando pessoas que traziam seus filmes para participar do festival. Nunca imaginei que estaria em uma pré-estreia de cinema para uma série que eu dirigi. É um super momento incrível! — comemorou a diretora.
Crédito da imagem: Claudio Andrade
