‘Sinto muito, agora é tarde’

janeiro 2, 2025

O DJ Zé Pedro entra na discussão e opina sobre o silenciamento do microfone de Anitta pela TV Globo

A conhecida festa de réveillon de Copacabana teve muita celebração, brindes e fogos de artifício. No entanto, para quem assistia de casa aos shows que aconteceram por lá, um fato específico chamou a atenção. Em determinados momentos do show de Anitta, a Rede Globo cortou o microfone da cantora. Isso aconteceu na parte da música “Capa de revista”, cuja letra contém palavras obscenas. 

O caso repercutiu nas redes, com a maioria das pessoas condenando a emissora. O DJ Zé Pedro também entrou no debate. O criador do selo Joia Moderna, que dá voz a artistas tradicionais que estão fora do mainstream, chama atenção à ambiguidade na relação entre uma grande emissora e as estrelas da atual cena pop. 

“Agora, em tempos supostamente democráticos, o grito da Dona Moral volta a ecoar. Anitta subiu ao palco do réveillon em Copacabana e cantou um funk que fala em puta e pica, e a TV Globo calou seu microfone. O brasileiro é muito doido. Abandonou totalmente a MPB com suas letras rebuscadas, desistiu de prestigiar harmonias sofisticadas para ouvir somente o mesmo beat eletrônico somado a um glossário de baixarias, deixando os artistas desse gênero ricos e famosos” escreveu ele, no Instagram.

O DJ destacou que o sucesso de artistas como Anitta e outros nomes do funk também foi impulsionado pelas emissoras. Já no canal Multishow, que também transmitiu o show, o som seguiu normalmente, sem cortes.

“E agora, no auge da consagração, a emissora mais poderosa desse país quer desligar o som. Sinto muito, agora é tarde. Anitta quer balançar sua raba, Ludmilla está macetando e Luísa Sonza quer ver a anaconda. E digo mais: é muito lindo abrir a festa de fim de ano com Caetano Veloso e Maria Bethânia, mas o povo quer mesmo é se jogar no batidão e gritar bem alto: ‘eu quero dar’ e ‘vou meter’. Ontem, eu soube, tardiamente, que existe uma opção no Spotify chamada ‘Não tocar esse artista’ e foi uma festa aqui em casa. Passei o dia brincando disso. Você deveria tentar. Não é censura, é lucidez. Quem sabe no ano que vem o mundo compreende e o dia amanhece em paz?”, completou. 

Zé Pedro ainda lembrou de casos na sua adolescência em que a censura da Ditadura Militar de fato se fazia presente. Entre eles, duas vezes em que a palavra tesão foi cortada de músicas de Marina Lima, na canção “Olhos felizes”, escrita por seu irmão Antonio Cícero (1945 – 2024), e em “Mais uma vez”, uma das parcerias de Lulu Santos e Nelson Motta

Crédito da imagem: Reprodução (Instagram) e Reprodução (Rede Globo)

Posts recentes

A todo vapor

Aos 87 anos, Roberto Menescal inicia agenda cheia para 2025, que terá shows com três cantoras e turnê internacional

Mito ressignificado

Debora Lamm volta ao Rio de Janeiro com espetáculo no qual relê o mito de Medeia sob novos prismas

O último adeus

Missa pelo sétimo dia da morte de Ney Latorraca será celebrada na Igreja de N. Sra. da Paz, no Rio de Janeiro