A voz dela é uma das mais belas da música brasileira. Ela foi das poucas cantoras que, no fim dos anos 1980, figurou nas paradas de sucesso sem perder uma de suas marcas: o bom gosto musical. Estamos falando de Zizi Possi. Essa artista única, referência para outras tantas cantoras, completa 45 anos de carreira. E vai celebrar o marco no palco e num formato com o qual tem muita intimidade: piano e voz.
Zizi apresenta o show “De volta ao começo” neste sábado (21) no Blue Note de São Paulo, onde terá a companhia do pianista Jetther Garotti, ao lado de quem realizou trabalhos sublimes como os álbuns “Sobre todas as coisas” (1991), que marcou sua volta à MPB mais acústica e tradicional, e “Valsa brasileira” (1993), lançado pela hoje extinta Velas.
– O formato voz e piano é completamente desnudo de qualquer efeito “espetacular”, o que me proporciona maior proximidade com o público – festeja a diva, destacando uma característica só proporcionada pelo formato: – Sinto-me realizada por poder atingir o coração dos ouvintes de maneira tão pura.
O nome do show vem de uma canção de Gonzaguinha (1945-1991), compositor muito presente na trajetória da artista e de quem ela recebeu pérolas como “Viver, amar, valeu”, lançada por ela no LP “Asa morena” (1982) e regravada no supracitado “Valsa brasileira”.
Gonzaguinha estará presente da mesma forma que outros grandes nomes como Chico Buarque e Edu Lobo, além de representantes do pop, estilo com o qual Zizi flertou com maestria, como Nando Reis e Herbert Vianna. É por falar neste, é provável que sua releitura magistral de “Meu erro”, imortalizada no LP “Estrebucha baby” (1989), esteja no roteiro. Sobre isso, Zizi faz mistério:
– Quando voltei a São Paulo, em 1990, iniciei um trabalho só com instrumentos acústicos. E a formatação voz e piano é mais livre na forma é também no conteúdo, pois temos a liberdade de variar o repertório imensas vezes.
Por mais que sejam as variações, nenhuma delas será maior do que o talento da própria Zizi. É sobre-humano cantar. E ela sabe muito bem.