‘Seremos todos presos’

fevereiro 3, 2025

Luís Salém fala de Eugênio, seu personagem no remake de “Vale tudo”, e lembra da ousadia de “Subversões”, show de humor criado há 35 anos

Radicado na Bahia desde 2017, Luís Salem vai passar uma boa temporada no Rio de Janeiro. E a razão da mudança atende pelo singelo nome de Eugênio, o simpático  mordomo da novela “Vale tudo”, novela de Gilberto Braga (1945-2021) cujo remake é assinado por Manuela Dias.

Caberá a Salém, um dos mais queridos comediantes da sua geração, dar nova vida ao papel imortalizado na TV por Sérgio Mamberti (1939-2021). Na versão original, o personagem chamava atenção pela vasta cultura cinematográfica, citando de cabeça cenas de clássicos da sétima arte. Essa peculiaridade  ficará restrita à versão de 1988.

– Essa cultura de cinema era uma marca muito forte do Gilberto Braga. A Manuela vai por  outro caminho – entrega Salem que já gravou duas externas para a nova versão.

Interpretar um papel imortalizado por um ator consagrado não intimida Salem. O desafio é um ingrediente a mais para o ator, que vivei situação parecida em 2014, na série  “Os homens são de marte e é para lá que eu vou”.

Coube ao ator dar uma nova cara a Anibal, o amigo gay da protagonista vivida por Monica Martelli. O papel fora interpretado no cinema simplesmente por Paulo Gustavo (1978-2021), e Salém topou o desafio após uma breve hesitação:

–  Quando a Monica me convidou, perguntei se ela estava maluca (risos) – lembra o ator divertindo-se com a recordação: – Quer saber? Vou dar a minha cara a esse personagem e criei outro tipo.

O ano de 2025 marca também os 35 anos de um show que reavivou o conceito de besteirol, iniciado uma década antes, e, com isso, revolucionou a cena humorística do Rio de Janeiro. O espetáculo em questão era “Subersões”.

No show, sob a direção de Stella Miranda, Salém, Aloísio de Abreu e Marcia Cabrita (1964-2017)interpretavam versões (daí o título) bem humoradas para temas da MPB de então. E ganhavam releituras hoje clássicos como  “Para todos”, de Chico Buarque, e “O estrangeiro”, de Caetano Veloso.

– Se remontarmos o “Subversões” seremos todos presos – opina Salém reiterando o tom jocoso e vanguardista do espetáculo: – Não poupávamos ninguém e, naquela época, já achávamos que poderíamos ser presos a qualquer momento. Imagina agora!

 

Créditos: Christovam de Chevalier (texto) e Eny Miranda (foto)

 

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