A artista visual Esther Bonder é uma leitora atenta do jovem filósofo italiano Emanuele Coccia. Um livro em especial do autor a instiga: “A vida sensível”, no qual ele propõe uma mudança radical no modo de entender a flora. Pois “A vida sensível” é justo o título escolhido por ela para sua nova exposição, que abre neste sábado (15), no Centro Cultural Correios de São Paulo, com curadoria de Ana Carolina Ralston.
Assim como o pensador europeu, Esther procura refletir, através da sua arte, sobre os ciclos vitais assim como sobre questões como a finitude e perenidade, que a acompanham desde a juventude. Ou mesmo antes, quando começou a tomar consciência sobre estar no mundo.
Esther, que transita entre duas formas de artes visuais, a pictórica e o paisagismo, lida com as paisagens sob a influência de outro grande nome. Se pensou em um filósofo, enganou-se. Trata-se da pintora e escultora Lygia Pape (1927-2004), de quem foi aluna na Faculdade de Arquitetura, em idos dos anos 1980.
– Ela sensibilizava os alunos por meio de exercícios corporais que nos fazia perceber que tudo é paisagem e que a perspectiva vem de lugares mais inusitados como uma vista de um ser que rasteja ou mesmo de alguém que habita no nosso interior, como os fungos ou as bactérias, em meio ao nosso jardim interno – rememora a artista.
E de jardins, Esther entende. Internos ou externos, reais ou imaginários, a beleza que emanam faz a vida valer a pena. Que ela seja então sensível, como a nova mostra da artista.