Antes de Paulo Coelho consagrar-se como o escritor brasileiro mais lido no exterior, esse posto foi ocupado, por longos anos, por Jorge Amado (1912-2001). Surgido juntamente com outros nomes que consolidaram a literatura moderna no país, Amado ambientou suas tramas na sua Bahia natal, despertando o interesse de leitores estrangeiros por nossa cultura.
Suas obras ficaram ainda mais populares a partir dos anos 1970, quando passaram a ser adaptadas para o cinema e inspiraram novelas e séries de TV. Uma das mais célebres é, certamente, “Gabriela, cravo e canela”, adaptada para a TV em 1975 e, na década seguinte, para o cinema, tendo o papel-título interpretado por Sonia Braga em ambas as produções.
Publicado originalmente em 1956, o romance ganha edição caprichada 67 anos após seu primeiro lançamento. Editada pela Companhia das Letras, a obra chega às livrarias nesta segunda-feira (09), com prefácio inédito da escritora e historiadora Josélia Aguar, posfácio do crítico literário José Paulo Paes (1926-1998)e ensaio visual de Goya Lopes.
A obra faz uma crônica aprofundada da vida social e política numa Ilhéus ainda sob os ditames da produção cacaueira. A partir de uma história de amor entre um imigrante e uma retirante, Amado acaba por expor também as diferenças entre um Brasil conservador e o progressista, demonstrando que pouca coisa mudou de lá para cá.