Saudades do Brasil

março 27, 2024

João Goulart é celebrado em filme sobre os 12 anos em que o ex-presidente, deposto pelo Golpe de 1964, viveu no exílio

Doze anos é o tempo que um indivíduo leva para chegar à adolescência. Se levarmos em conta a estimativa levantada mais recentemente pelo Censo do IBGE, 12 anos significam 1\6 do tempo de vida de um brasileiro. Doze anos foi o período em que o ex-presidente João Goulart (1919-1976) permaneceu exilado após ser deposto em 1964. Jango, que morreria no exílio, tem essa fase de sua vida retratada num filme que chega às salas das principais capitais brasileiras quando completam-se 60 anos do golpe que expulsou Jango do país.

O exílio foi vivido no Uruguai e na Argentina. No primeiro, Jango passou nove anos, mudando-se para a Argentina após o Golpe Militar uruguaio. Esse homem que bebia chimarrão e sentava-se no chão para prosear é a figura central de “Jango no exílio”, documentário de Pedro Isaías Lucas, que chega às salas do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre outras quatro cidades, nesta quinta-feira (28).

O longa traz depoimentos inéditos de amigos, ex-funcionários e principalmente daqueles que acompanharam de perto as agruras do presidente deposto: a ex-primeira-dama  Maria Teresa Goulart, e seus filhos: João Vicente e Denise.

–  Esse é um filme sobre o exílio. Fui buscar no exílio o lado humano de Jango, que viveu como um estrangeiro tanto no Uruguai quanto na Argentina – explica Lucas, que teve o exílio e o cinema como temas de seu pós-doutorado na Universidade Paris Nanterre.

A saudade do Brasil, a solidão e as dificuldades financeiras estão lá, retratadas no filme, que aborda também as relações com figuras políticas como Carlos Lacerda (1914-1977), seu inimigo histórico, e com Leonel Brizola (1922-2004).

– O filme é uma tentativa de fazer com que uma parcela da população possa repensar sua relação com o trabalhismo a partir da visão de Jango – propõe o diretor, destacando um viés da sua proposta: – Não se trata de um filme sobre o Golpe de 1964 ou sobre a morte de Jango, mas sobre o homem que ele foi e sobre sua integridade.

Integridade que deveria ser uma característica comum a muitos políticos de hoje.

Março de 1976: Jango celebra na Argentina aquele que seria seu último aniversário

 

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