Sagrado e profano

agosto 29, 2022

Henri Pagnoncelli encara o mítico Caim para celebrar 50 anos de carreira e o centenário de José Saramago, autor da obra adaptada

A fábula bíblica de Caim, o célebre filho de Adão e Eva que mata o próprio irmão, Abel, foi recontada por José Saramago (1922-2010) em 2009, naquele que acabou sendo o último livro do escritor, único na Língua Portuguesa laureado com o Nobel. Por volta de 2012, o livro caiu nas mãos da dramaturga Teresa Frota que vaticinou: “isso dá uma peça teatral”. “Você está maluca!”, devolveu-lhe na ocasião o ator Henri Pagnoncelli, seu marido.

Teresa não se fez de rogada, e “Caim” chegará, pela primeira vez, ao palco. Mais exatamente como um monólogo, interpretado por Pagnoncelli sob a direção de Jacyan Castilho. E a montagem celebra duas efemérides: o centenário do autor português e os 50 anos de carreira do ator, que completa 70 anos no ano que vem. A estreia é na quinta-feira (1º de setembro), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, de onde sairá para apresentações no Brasil e em Portugal. A encenação conta, aliás, com o respaldo da Fundação José Saramago e é a única representante brasileira na programação oficial das comemorações pelo centenário do escritor.

No espetáculo, narrado na primeira pessoa, Pagnoncelli dá voz ao próprio papel-título como aos demais personagens da trama. A temporada vai até 1º de outubro e marca também o retorno do ator a um monólogo 47 anos depois de ele encarar o desafio em 1975, na montagem de “Diário de um louco”, inspirado no conto de Nikolai Gogol (1809-1852).

Comemorar cinco décadas de carreira não assusta Pagnoncelli, pelo contrário:

– Ao longo da vida e da carreira, sempre olhei para frente. Os trabalhos foram sendo feitos e juntados num baú que levo nas costas e vou-me embora. Então, é uma felicidade incrível ter disposição para levar ao palco uma obra tão importante ao lado de pessoas incríveis.

E as pessoas incríveis não são poucas. A equipe reúne afetos que acompanham o ator há muito como a artista visual Analu Prestes, responsável pela direção de arte, e o diretor Marcio Trigo, que responde pela dramaturgia sonora.

– Muita gente não sabe, mas, antes de seguir como ator no (grupo teatral) Manhas e Manias, o Marcio surgiu na música – entrega Pagnoncelli ao NEW MAG.

Crédito da imagem: João Athaíde

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