A influência do movimento Black Rio na cultura, sociedade e nos esforços pela justiça racial no Rio de Janeiro durante as décadas de 1970 e 1980 é o tema do documentário “Black Rio! Black Power!”. A produção faz parte da Mostra Competitiva do Festival do Rio e foi exibida na noite da última quarta-feira (11) no Estação Net Gávea, Zona Sul da cidade. O filme é dirigido por Emílio Domingos e tem Dom Filó, um dos mentores do movimento, como protagonista.
— Estamos falando de meio século. É retratado o movimento Black Rio e a importância dele, uma geração e um movimento que revolucionou o tempo da ditadura. Revela a luta antirracista, a luta contra os opressores colonizadores — contou Dom Filó.
O documentário, produzido por Lula Buarque de Hollanda e Letícia Monte, mostra o impacto do movimento no cenário musical, na política e no ativismo negro durante o período de redemocratização. O Black Rio moldou gêneros como o hip-hop e o funk brasileiros. O diretor Emílio Domingos comenta como leva os personagens de volta ao passado na produção:
— O filme é uma espécie de baile. A gente leva as pessoas para o Palácio do Sul, 50 anos depois, monta lá caixas de som. E a estrutura acaba mexendo com essa memória sentimental, as pessoas acabam lembrando daquele espaço como um lugar cheio de vida, um espaço de juventude, e com essa energia da autoestima negra, do negro se afirmando nos anos 1970.
Entre as personalidades presentes na sessão estavam o bailarino Thiago Soares, o cantor Agenor Neto, a atriz Betty Faria, o diretor de cinema Estevão Ciavatta e a sua esposa, a apresentadora e atriz Regina Casé.
— O assunto me interessa muito porque eu sou carioca, e sou totalmente voltada para essa temática. Todos os meus trabalhos até hoje são ligados à cultura preta produzida no Rio de Janeiro — disse Regina sobre o documentário.
Crédito das imagens: Eny Miranda / divulgação