Resiliência e obstinação

maio 16, 2024

O jornalista Marcos Maynart estreia no cinema com projeto sobre um amor que resistiu à epidemia da Aids

São mais de quatro décadas dedicadas ao jornalismo. E, ao longo desse tempo, ele passou por redações como as de O Estado de São Paulo e de revistas como Contigo e Chiques e famosos, tendo, nessas últimas, atuado como editor-chefe. Pois Marcos Maynart vai passar, como se diz nas redações, de pedra a vidraça. O jornalista lança-se, aos 72 anos, numa nova seara, ado cinema. Ele dirigiu e roteirizou  o curta “A caixa – O ensaio do eu sem você”, que lança neste sábado (18), às 21h, no Novo Cine Joia.

A caixa em questão guarda um tesouro: as cartas trocadas entre João e Tiago. O relacionamento é interrompido pela morte de Tiago, em 1989, em decorrência das complicações da Aids, síndrome que ceifou inúmeras vidas entre os anos 1980 e 90.  A ideia, desenvolvida a partir de uma coleção real de cartas, era a de contar a história nos palcos, mas os rumos tomados pelo projeto foram outros.

– O projeto foi idealizado para dois atores que, no palco, conversariam sobre as cartas trocadas por eles nos anos 1980. Diante das dificuldades apresentadas, optei por concentrar a trama em apenas quatro dos textos, o que possibilitou fazer esse pequeno documentário – explica Maynart, chamando atenção para as mudanças trazidas pelo novo formato: – Começamos a filmar em 2022 e, no ano seguinte, as filmagens estavam concluídas, graças a parceria dos amigos.

Os amigos em questão são o também jornalista Beto Alves, que assina o roteiro com Maynart, o ator Adriano Arbool, que estrela e narra o filme, João Mario Nunes na edição e direção de fotografia e as cantoras Fernanda Santanna e Liah Soares na trilha musical.

O projeto, originalmente iniciado em 2019, foi uma prova de resistência para a equipe e, sobretudo, para o jornalista e também produtor da iniciativa. Os contratempos apresentados serviram para todos mostrarem o quão resilientes são, indo ao encontro da própria temática do filme em si:

– Um dos questionamentos do projeto é se um amor é capaz de resistir ao tempo e à própria morte. E vemos que, se ele for verdadeiro, sim, é mesmo capaz. E essa questão envolve também o amor pela arte e, nesse caso, pelo cinema. É minha estreia no cinema, com um projeto que começou em 2019 e que somente agora foi finalizado.

Cada coisa tem o seu tempo. E, pelo jeito, um novo tempo começa para esse jornalista, competente em tudo o que faz.

Posts recentes

‘Nas cabeças e nas bocas’

Simone reaviva canção de Chico Buarque, imortalizada por ela no cinema, como prévia do registro do show com que festejou 50 anos de carreira

Nobre guerreira

Zezé Motta recebe prêmio na Bahia em reconhecimento a seu ativismo no combate ao racismo no país

‘Quero abrir portas’

Lia de Itamaracá, legítima difusora da ciranda no mundo, vai comandar a pasta da Cultura na ilha que traz no nome