‘Reouço o Paulo Gustavo para matar as saudades’

julho 1, 2022

Fabio Porchat fala das transformações no humor, do aprendizado no Porta dos Fundos e do sucesso de 'Que história é essa, Porchat?'

Era o ano de 2007 quando Fabio Porchat começou a chamar atenção, ao lado de outros companheiros de geração, em shows de stand up comedy. Ele mostrou que o humor era mesmo a sua praia e que poderia ir muito além de um pequeno palco. Entre as ideias realizadas por ele estão a do projeto Porta dos Fundos, sucesso há 10 anos, e, mais recentemente, o “Que história é essa, Porchat?”, programa exibido originalmente no GNT e que chegou à grade da TV Globo. A atração tem, pelo andar da carruagem, tudo para ficar muitos anos no ar. Ou até quando ele, irrequieto e criativo, inventar algo novo. Ou mesmo revisitar algo já feito. Ele volta ao formato stand up em “Histórias do Porchat”, que estreia nesta sexta (1º de julho, seu aniversário), no Casa Grande, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. No show, conta situações divertidas vividas nas suas andanças pelo mundo. Em entrevista ao NEW MAG, o comediante fala do show, das transformações pelas quais o humor (e o mundo) estão passando e do que já realizou até aqui. A temporada carioca de “Histórias do Porchat” pode ser vista até 28 de agosto, mas certamente vai ficar em cartaz por muito tempo.  Ainda mais em se tratando de Fabio Porchat.

O que o público pode esperar do espetáculo ‘Histórias do Porchat’ que vai estrear no Teatro Casa Grande?

O “Histórias do Porchat” traz os meus causos de viagem, minhas viagens doidas e malucas pelo Brasil e pelo mundo que juntei para contar para o pessoal. Amo viajar e amo viver experiências diferentes e, obviamente, olho para elas sempre com um viés cômico. Então, é um show de stand up com piadas 100% novas que não têm política nem polêmica, nada disso. É para a família toda dar risada. Fiz uma temporada incrível em Niterói e foi o maior público reunido numa temporada naquela cidade. Em Campinas (SP), todas as sessões estavam lotadas e houve até sessão extra. Estou bem confiante, e a peça está bem divertida.

O conceito do politicamente correto levou os humoristas a reavaliarem piadas de cunho machista e sexista, entre outras. Até que ponto ele foi prejudicial e ao mesmo tempo vantajoso para o humor?

Acho que, no fim das contas, a gente não pode separar o humor da evolução da sociedade. Todos estamos evoluindo enquanto pessoas na nossa sociedade, aprendendo e nos livrando de preconceitos. Já fizemos piadas erradas de todos os tipos assim como comentários de todos os tipos. Estamos aprendendo, evoluindo, e a comédia evolui junto com todo mundo. Acho que, quanto menos conseguirmos perpetuar preconceitos, melhor. Mas, claro, a gente tem de poder falar sobre tudo e poder rir de tudo, de todo mundo e brincar com todo mundo. Mas todo mundo MESMO e não só aqueles alvos de antigamente.

Ao longo dos dez anos do Porta dos Fundos, o projeto foi alvo de críticas da ala conservadora da sociedade que refletiu as mudanças recentes no país. Qual das críticas foi construtiva e qual delas foi a mais absurda?

Diria que, ao longo desses 10 anos, a gente sobreviveu muito bem, mesmo passando por cancelamentos nas redes, haters e tal, o Porta está firme e relevante. Não perdemos um processo até hoje. A gente nunca se desvirtuou do nosso caminho, tentando ser engraçado acima de tudo. Uma crítica construtiva foi quando nos acusaram de gordofobia, e a gente entendeu esse caminho porque a gordofobia não estava no nosso radar e passou a entrar. É importante a gente entender o que é ataque e o que é piada.

O “Que história é essa, Porchat” caiu no gosto do público, do meio artístico e da imprensa. Qual era sua expectativa em relação à atração?

O “Que história é essa” caiu realmente no gosto do público e percebo isso agora: todo mundo vem falar comigo na rua e, este ano, parece que as pessoas redescobriram o programa por ele ter entrado na grade fixa da Globo. As pessoas estão vindo superfalar comigo, felicíssimas, dizendo que têm histórias para contar. A ideia era fazer um programa despretencioso, para contar e ouvir histórias e acho que foi isso que pegou o público. As pessoas só queriam, no fim das contas, descansar um pouco e dar risada, sem ter de ouvir opinião ou lacração… O programa se propõe a isso: entreter e divertir sem ter de brigar.

O Prêmio do Humor, idealizado por você, inovou ao jogar luz sobre a importância do ator-comediante na sociedade e dentro da própria classe artística. O que mais nessa iniciativa te dá orgulho? Quando vão acontecer as próximas edições do prêmio?

O Prêmio do Humor continua firme e forte. Obviamente, durante a pandemia a gente o segurou, mas, este ano, os jurados estão já assistindo as peças no Rio e em São Paulo e, em março do ano que vem, teremos a premiação e os nossos homenageados também. Acho sempre importante reverenciar o humor, o comediante porque, no fim das contas, as peças que mais lotam são as comédias e os filmes que mais dão público são de comédia. O comediante precisa ser valorizado e nunca ganha prêmio. Então, criamos o prêmio que é para não ter erro e o comediante poder ganhar de qualquer jeito. Estou muito feliz com esse prêmio, acontecendo no Rio e em São Paulo, e acho que a vida dele será longa.

Você e o Paulo Gustavo começaram juntos na carreira artística. Que lembranças você guarda dele?

A gente se formou na mesma escola de teatro e fizemos a mesma peça de formatura, na qual fizemos o mesmo personagem. A gente estreou junto no teatro, numa peça que escrevi e na qual ele e eu fazíamos uma dupla. Guardo as melhores lembranças possíveis dele. Ele era a pessoa mais engraçada que conheci na minha vida e falo como pessoa física mesmo. Conversando comigo ou com as pessoas, ele era a pessoa mais engraçada que conheci. Então, só guardo coisas boas: as caras engraçadas, aqueles trejeitos dele e os áudios todos. Reouço os áudios dele para matar as saudades.

Crédito da imagem: reprodução

Posts recentes

Celebração do rock

O grupo Barão Vermelho encerra sua turnê de 40 anos de carreira com show no Rio de Janeiro

Palco iluminado

Nomes das artes dramáticas como Marco Nanini apresentam-se no Festival de Curitiba