Num tempo em que a religião passava ser desacreditada pelo avanço científico, uma mulher cria uma sociedade a fim de unir diferentes credos. A mulher em questão era a escritora russa Helena Blavatsky (1831-1891), que ousou pensar a Sociedade Teosófica e a moderna teosofia. Uma personagem tão rica pede uma atriz à altura. E Mel Lisboa dá voz a ela no solo “Madame – Blavastky – Amores ocultos”, com o qual volta aos palcos, em março (15), para temporada no Teatro Vivo, em São Paulo.
Mel, que já personificou no palco toda a ousadia de Rita Lee, volta a viver no palco uma mulher transgressora. O espetáculo não segue a cartilha biográfica, mas traz muito das ideias e da personalidade da escritora, que, na montagem, busca o corpo de uma atriz para, através dela, colocar sua trajetória em pratos limpos.
E esse jogo entre o real e a cena tem a ver com a forma como a peça surgiu: a partir de outro texto teatral. A dramaturga Claudia Barral teve a ideia para mergulhar no universo de Blavastky depois de conhecer “Madame Blavastky”, de Plínio Marcos (1935-1999). A direção é assinada por Marcio Macena que chama atenção para a ousadia daquela mulher em pleno século XIX:
– Ela abalou e desafiou de tal modo as correntes ortodoxas da religião, da ciência, da filosofia e da psicologia que é impossível ficar ignorada. Foi uma verdadeira iconoclasta.
Crédito da imagem: João Caldas