Humberto de Castro nem sonhava ainda em ser artista visual quando, ainda morando em Pernambuco, ouviu pela primeira vez o nome de Isabelita dos Patins. Aos dez anos, adorava patinar e, por isso, era alvo da troça das outras crianças que, para provocá-lo, chamavam-no pela personagem queer criada pelo argentino Jorge Omar.
– Se o menino fosse negro e tivesse trejeitos afeminados era chamado de Vera Verão (personagem de Jorge Lafond). No meu caso, como gostava de patinar, era chamado de Isabelita dos Patins – recorda Humberto, destacando sua reação quando, enfim, tomou conhecimento da personagem pela TV: – Então essa é Isabelita: uma boneca exótica.
O menino cresceu e, já com mais de 40 anos, veio tentar a sorte no Rio de Janeiro. Ele só não imaginava que o destino o colocaria frente a frente com a tal “boneca exótica”. E justo no dia do aniversário de seu intérprete:
– Como era aniversário dela, prometi que, no ano seguinte, faria uma escultura dela em tamanho real.
Dito e feito. A peça é uma das 23 que compõem a mostra “Fragilidade bruta”, que ele inaugura, nesta quinta-feira (04), com curadoria de Fabiano Miszewski. A mostra pode ser visitada no restaurante Orla 21 Rooftop, no hotel Prodigy, Centro do Rio de Janeiro, até 05 de maio.