‘Precisávamos desse filme’

janeiro 6, 2025

A atriz Malu Mader festeja, em artigo escrito para NEW MAG, o reconhecimento a Fernanda Torres e a realização de 'Ainda estou aqui'

O ano era 1986. A nova Constituição Brasileira só seria promulgada dois anos depois, e o país começava a respirar ares mais leves, motivado pela esperança em tempos mais democráticos.  Naquele mesmo ano, duas jovens e talentosas atrizes entrariam de sola nas vidas e no imaginário afetivo de milhões de telespectadores. Estamos falando de Malu Mader e de Fernanda Torres.

Enquanto a primeira conquistaria o público como a tímida Maria de Lurdes na minissérie “Anos Dourados”, de Gilberto Braga (1945-2021), a segunda chamou a atenção ao estrelar, ao lado do já veterano Tony Ramos,  o remake de “Selva de pedra”, novela escrita por Janete Clair (1925-1983) e exibida originalmente em 1972.

Mas a amizade entre elas estreitou-se três anos antes, quando, em 1983, elas (e mais a atriz Júlia Lemmertz) foram irmãs na novela “Eu prometo”. No folhetim, escrito por Janete com a colaboração de Glória Perez, Malu fez, inclusive, sua estreia na TV.

Procurada por NEW MAG, na manhã desta segunda-feira (06), para comentar a consagração de Fernanda Torres no Globo de Ouro, onde ganhou o troféu na categoria de Melhor Atriz de Drama, Malu preferiu se manifestar por escrito. E quem ganha são os leitores, brindados com um relato sincero e coerente no qual a atriz também festeja o fato de “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, chegar quando o país resgata valores varridos pelo obscurantismo político.

A pedido da própria atriz, o texto é reproduzido a seguir na íntegra, sem ser editado ou submetido a cortes.. E ninguém aqui é louco de querer ver a bela Malu contrariada, não é mesmo? Vamos ao relato, então.

“A vitória extraordinária da Fernanda Torres nos enche de alegria e orgulho pelas razões óbvias, mas também por conter muitos significados”.

“Temos enfrentado momentos muito difíceis não só no Brasil mas no mundo. O ofício de um artista, quando exercido com essa dimensão, parece fazer a vida ter algum sentido”.

“O fato de uma atriz de um país da América do Sul em que se fala português, com esse talento imenso, que cuidou da carreira desde muito nova com enorme sensibilidade e inteligência, fazendo as escolhas certas, se dedicando de corpo e alma ao cinema, ao teatro e também ao que a nossa televisão tem de melhor, sem menosprezar nada; ganhar um prêmio como o Golden Globe nos faz acreditar que a vida às vezes é justa sim. E que podemos ter esperança”.

“Tenho enorme orgulho de fazer parte de uma geração de atrizes incrivelmente talentosas, e a Fernanda sempre se destacou e me impressionou pela inteligência brilhante e pela versatilidade, passando pelo humor e pelo drama com a mesma desenvoltura. E, claro, por jamais ter se amedrontado por ser filha da gigante Fernanda Montenegro, mesmo tendo o mesmo nome. É um fenômeno da inteligência emocional também. E ela ainda escreve muito bem!”

“Nós precisávamos desse filme, agora”.

“E ele chegou para nós no momento político exato. Que timing!”

“Viva Fernanda Torres, Fernanda Montenegto, Selton Mello, Water Salles, Marcelo Rubens Paiva e toda a equipe de ‘Ainda estou aqui”.

Malu Mader, atriz e diretora

Crédito das imagens: André Wanderley (alto) e reprodução (TV Globo)

Malu entre Fernanda Torres, Francisco Cuoco e Júlia Lemmetrz na época de “Eu prometo”

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