Wal Schneider tinha 17anos quando, movido pelo sonho de fazer teatro, trocou sua Tabuleiro do Norte, no interior do Ceará, pelo Rio de Janeiro. Na bolsa, um livro e, na carteira, módicos R$ 25. No Sul Maravilha, participou de peças e atuou em novelas como “Páginas da vida” e “Amor, eterno amor”, ambas da TV Globo. E, em 2011, deu outro passo que significaria muito para ele: criar uma escola de teatro. Não um centro de ensino qualquer, mas um local para fomentar talentos numa região desassistida pelo poder público e cultural.
Assim, num casarão no bairro de Olaria, Zona Norte da cidade, nasceu o projeto No Palco da Vida, a primeira escola de teatro na região da Leopoldina. E, 14 anos depois, ele tem uma prova de que sua perseverança valeu a pele. O ator é um dos indicados ao Prêmio Jurema Brasil, que chega à sua 28ª edição promovido pela revista Jurema, editada em Pernambucocom circulação por todo o país.
– Receber uma indicação de um prêmio tão representativo em termos de Nordeste e minhas origens indígenas é muito significativo para mim – celebra o artista, que vê na indicação a valorização de suas raízes cearenses: . – Fico muito feliz com a indicação que, por vir do meu povo do Nordeste, me alegra mais ainda.
O projeto surgiu quatro anos depois de Wal coordenar, a convite do Sesc, uma oficina de teatro no Complexo do Alemão. Finda a experiência, ficou a vontade de fazer mais por aquela população. E lá foi ele alugar, na cara e na coragem, uma casa em Olaria, berço do Nos Palcos da Vida, por onde já passaram mais de 8 mil alunos com idades os 5 anos e os 80.
– O que venho fazendo ao longo de 17 anos é um sopro de arte, numa região às vezes seca,, não de gente talentosa, mas de aparelhos culturais possíveis de transformação. Essa seca de aparelhamento em alguns momentos me remete à do próprio Nordeste – compara o empreendedor, que veio para o Rio num caminhão que transportava melões.
A iniciativa vai além do âmbito cultural, tendo como propósito conscientizar os alunos sobre suas potencialidades e deveres como cidadãos, fazendo deles agentes transformadores das próprias vidas, como ele salienta:
– Potências nós temos, mas temos que ir cavando espaços possíveis para fazerem- nos ouvir e ecoar nossas vozes e sotaques poderosos além das medidas.
Vozes que Wal, com dedicação e perseverança, ajuda a serem ouvidas.