Denise Emmer cresceu numa casa, no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde fabular não era visto como algo subversivo como hoje em dia. Filha dos novelistas Janete Clair (1925-1983) e Dias Gomes (1922-1999) – tendo sido ele também grande autor de teatro –, ela teve acesso a grandes pensadores desde pequena. Acabou abraçando a música e a poesia – ofícios que domina e nos quais sobressai. Tanto que, no campo da poesia, é não somente um dos maiores nomes na sua geração como também da poesia brasileira. Prova disso é o Prêmio Alceu Amoroso Lima, dado a ela em 2021.
Aos 15 anos, Emmer já fabulava, a ponto de ver nos mais variados cantos (às margens da Lagoa ou no ônibus que a trazia do colégio) um homem de barba ruiva. Seu nome: Arquimedes. A esse personagem, vislumbrado na adolescência, que ela recorre e o reaviva em “O amor imaginário” (7 Letras), seu novo livro de poesia que lança, nesta quarta (03), a partir das 19h, na Janela Livraria, no bairro do Jardim Botânico.
O livro é composto de duas partes, sendo a primeira delas a reunião que dá titulo à coletânea e, a segunda, “Poemas de corda e alma”, dedicada a alguns dos violoncelistas mais importantes do país como Jacques Morelembaum e os irmãos Paulo e Ricardo Santoro.
E a nova coletânea da autora têm as bênçãos de dois grandes nomes das Letras em Língua Portuguesa. Enquanto o livro é apresentado pelo poeta português Álvaro Alves de Faria, a orelha é assinada simplesmente por Alexei Bueno, que destaca que o amor vivenciado pela autora tem “uma superioridade sobre os reais, a de não estar condenado, por não existir, à desaparição pela senectude, pois o amor possui esse estranho e duvidoso privilégio”.
Quando muito se fala em “lugar de fala”, Denise Emmer tem na poesia o seu. E isso não é de hoje. Ao mesmo tempo em que ela, como mulher, perpetua a verve trazida por nomes como Cecília Meireles (1901-1964) e Neide Archanjo (1940-2021), ela nos brinda com uma poesia genuína, personalíssima e de altíssima qualidade. Até porque poesia – como a Literatura – não tem gênero. Ela pode ser boa ou má. No caso de Denise Emmer, ela é ótima.
Crédito da imagem: G. Gerhardt