‘O Roberto é quem toma as decisões, eu só busco as oportunidades’

fevereiro 22, 2022

Empresário de Roberto Carlos há 30 anos, Dody Sirena fala da sua parceria profissional bem-sucedida com “O Rei” e conta como Michael Jackson era na intimidade

Gaúcho de Caxias do Sul, descendente de italiano com passaporte europeu, Dody Sirena é um dos empresários com relacionamento mais longevo entre os artistas que venderam mais de 150 milhões de discos. Há mais de 30 anos, ele é o responsável por fechar os contratos de ninguém menos que “O Rei”, Roberto Carlos. Em uma conversa exclusiva com o New Mag, o empresário fala sobre sua relação com o ex-juiz Sérgio Moro, relembra seu contato com Michael Jackson e apresenta sua nova casa de shows no Rio de Janeiro, o Qualistage, com a qual pretende colocar a noite carioca de volta no circuito dos grandes espetáculos e turnês internacionais.

1 – Enquanto muitas casas de espetáculos estão fechando, você está abrindo o Qualistage, no Via Parque Shopping, no Rio de Janeiro, ao lado dos empresários Alexandre Accioly e Bernardo Amaral. O que os cariocas podem esperar deste novo complexo de espetáculos da cidade?

Sou investidor, juntamente com o Alexandre e mais outro grupo de amigos. O Bernardo é o sócio gestor, o que é um privilégio para nós porque nos remete à origem, ao pai dele [Ricardo Amaral], retomando agora esta grande casa com o Bernardo, seguindo a trilha do pai. Estamos extremamente entusiasmados e com muitos planos. O Rio de Janeiro pode esperar a retomada dos grandes shows, alguns já anunciados e outros ainda em negociação. É importante também despertar o turista do Brasil, para que novamente programem o Rio de Janeiro como o local para assistir aos grandes shows.

2 – O Qualistage será inaugurado no dia 12 de março com show do Maestro João Carlos Martins e Maria Bethânia. Você participa diretamente na escolha dos artistas que irão se apresentar na casa?

Nos criamos um conselho junto aos investidores que dá apoio ao Bernardo, juntamente com o Carlos Taran, que é o diretor artístico. Nos envolvemos sempre que necessário, mas a programação é com o Bernardo e sua equipe. Obviamente que a relação da minha empresa com os artistas acontece sempre que possível e necessário.

3 – Você é empresário do cantor Roberto Carlos há 30 anos e um dos poucos managers do mundo com relação tão longeva e douradora entre os artistas que venderam mais de 150 milhões de discos. Qual é o segredo para esta parceria profissional ter dado tão certo?

Primeiro preciso ressaltar que é uma honra ter a confiança profissional do Roberto Carlos, o que proporcionou essa relação de tanto tempo. Mas lembrando que, quando eu comecei a trabalhar com o Roberto, ele já era “O Rei”. Eu apenas entrei pra poder levar minha contribuição a uma carreira que já era de sucesso absoluto. O que leva a uma relação tão longeva com um dos grandes artistas do mundo é, acima de tudo, a confiança profissional, os resultados apresentados, a transparência e a maneira de conduzir isso. Eu sempre digo, para quem se propõe a ter a confiança profissional de um grande artista, que tem que ter a consciência de que nós empresários somos apenas um radar dos negócios, levando todas as oportunidades para que o artista decida. O Roberto é quem toma as decisões, eu só busco as oportunidades. Acho que esses são alguns dos ingredientes que fazem com que a gente tenha uma relação tão saudável e produtiva.

4 – Você promoveu o show do Michael Jackson no Brasil, em 1993. Como era o Michael na intimidade? Quais são as lembranças que você guarda dele?

Eu também tive o privilégio de estar com o Michael Jackson em sua base, antes de sair para essa grande turnê mundial, participando por dois meses dos ensaios em Los Angeles, isso lá nos anos 1990. O Michael era exatamente o que todos já sabem, uma pessoa extremamente meiga, dedicada, focada, determinada e talentosa. Nos ensaios, era muito interessante ver a maneira delicada com que ele falava e se relacionava com todos da produção, mas sabendo exatamente o que ele queria de resultado. Isso me chamou muito a atenção, essa forma como ele administrava a sua carreira. Obviamente com essa relação de confiança, a gente trouxe o Michael Jackson para a América do Sul, realizando shows na Argentina, no Brasil e aí, quando estávamos indo para o Chile, houve aquele primeiro lamentável escândalo de problemas dele com a justiça. Foi justamente nesse período, mas conseguimos concluir nossa turnê na América do Sul.

5 – Você já fez uma peregrinação religiosa em Jerusalém. Você é muito religioso? É devoto de Nossa Senhora?

Não sou devoto de Nossa Senhora, mas sou bastante conectado com as minhas crenças, com a fé que eu tenho na religião católica e no espiritismo. Essas são as coisas que me guiam, que me despertam a fé. Quando completei meus 50 anos de vida, ou seja, passaram-se dez anos, eu fui a Lourdes, na França, porque Lourdes é o nome da minha mãe. De lá eu fui pra Jerusalém celebrar meus 50 anos. Em razão desse momento de reflexão da vida e de gratidão, eu criei esse grande show do Roberto Carlos em Jerusalém. Aquela ousadia que nós fizemos chamou a atenção do mundo inteiro porque foi o primeiro grande show realizado em Jerusalém, transmitido para 115 países.

6 – A sua empresa, Delos Cultural, um braço da DC Set, assinou contrato com Sergio Moro para cuidar da imagem do ex-juiz e da agenda dele de palestras na área corporativa. O Moro é o candidato à Presidência da República mais bem preparado que nós temos?

Eu considero Sergio Moro um dos brasileiros de destaque por sua coragem pelo que fez para nós, brasileiros, levantando a bandeira do combate à corrupção. Qualquer um que tenha essa vocação de lutar pelo bem do nosso país merece todo o nosso reconhecimento. Eu entendo que esteja, sim, preparado, tanto quanto outros bons candidatos, não apenas na opção da esquerda ou da direita. Temos outros nomes, como Eduardo Leite, nomes que estão aparecendo como opções de candidatura. Mas a Delos não tem nenhuma relação com a política. Quando ele se desligou da magistratura e do governo e obedeceu à quarentena, nós então tivemos uma relação de representação dele na questão corporativa em palestras e cursos on-line, deixando muito claro o nosso total não compromisso com a política. Mas quando então ele tomou a decisão de sair para a política, nós deixamos de ter uma relação direta.

MAIS LIDAS

Posts recentes

É coisa nossa

“Cidade de Deus” é escolhido o melhor do gênero gangster por importante plataforma da indústria cinematográfica

Notório saber

A professora Claudia Chaves promove encontros voltados ao aprimoramento e pautados pelas artes e atualidades