Num tempo em que as regras de comportamento parecem pautadas pelas redes sociais, tocar em feridas pode ser um acinte. Não para Maitê Proença. Quem a viu nas telas e nos palcos, ao longo de 44 anos de carreira, não imagina os percalços enfrentados na vida pessoal. Não imaginava, melhor dizendo. A atriz expõe corajosamente dores e cicatrizes no solo “O pior de mim”, cujo texto, escrito por ela, foi merecidamente indicado ao Prêmio Cesgranrio de Teatro.
O monólogo, dirigido por Rodrigo Portella, volta ao Rio de Janeiro a partir de sábado (08), desta vez para temporada no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, Zona Sul da cidade, onde fica até o dia 30.
O público entra na sala e já encontra a atriz no palco, aquecendo o corpo. Nada ali – nada mesmo – é oculto ou varrido para debaixo do tapete. Certas dores criaram nela uma espécie de couraça, resvalando também na atriz. “Sempre tive dificuldade em chorar. Na TV, inclusive”, revela ela com a sinceridade que permeia a dramaturgia.
– A peça é sobre todos nós e o que fazemos com o enredo que nos foi dado. São histórias sobre coisas que não deram certo, momentos de frustração. Mas é leve, com humor – revela, destacando a pluralidade em abordar a própria vida: – Eu me refiro à minha própria história porque é a única que tenho, e ela me dá autoridade para tratar dos assuntos que abordo no espetáculo.
Em “O pior de mim”, Maitê acaba por mostrar o que tem de melhor – o que não é pouca coisa. Se ainda não assistiu, não perca mais esta oportunidade.