O mar é mais do que uma fonte de inspiração para Roberto Menescal. Menções a ele estão presentes em muitas das canções do compositor e violonista, um dos pilares da bossa nova. Mais do que isso: o mar é hoje uma causa defendida pelo músico, que participa do Festival Praia Rio, dedicado à preservação dos oceanos. Ele e a cantora Leila Pinheiro encerram a programação do evento, neste domingo (1º de outubro), às 18h no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, Zona Sul do Rio de Janeiro.
– Minha vida sempre foi pautada por lutar e defender a nossa natureza, porque se a gente continuar assim, não vai ter mais natureza, não vai ter mais mundo, não vai ter mais nada – reconhece ele, para quem a consciência ambiental é hoje uma regra.
Mas nem sempre foi assim. Na juventude, o compositor foi adepto da pesca submarina. Era comum passar temporadas em Cabo Frio onde podia dedicar-se à prática esportiva e, claro, à música.
O clássico “O barquinho” surgiu numa dessas temporadas. A canção foi nspirada por uma pane no motor que deixou ele e os amigos (alguns deles expoentes da bossa nova) à deriva. A pesca é hoje página virada na sua vida.
– Hoje, sempre peço perdão por aquela fase – penitencia-se, destacando o fascínio que o mar exerceu em sua vida: – Minhas músicas, várias delas, vieram do mar, porque o mar sempre foi para mim um mistério, assim, insondável, e toda vez que me vinha inspiração, ela vinha do mar.
Recentemente, muito se discutiu se “Chico”, canção de Luisa Sonza para o agora ex-namorado, era ou não bossa nova. Do alto de suas 85 primaveras, Menesca, como é chamado pelos amigos, sabe o quão interligados estão sua trajetória e o gênero musical que ajudou a criar:
– Minha vida foi muito, muito em função da bossa nova antes até de saber, de ela ter esse nome de “bossa nova”. A gente já procurava nossa música, uma coisa saudável, uma coisa para cima e não uma coisa sofrida como a música brasileira foi muito antes da bossa nova.