A importância de uma agenda de práticas ambientais, sociais e de governança nas organizações foi tema de debate do encontro “ESG e as ações para o futuro: a jornada já começou”. Diversas lideranças e personalidades se reuniram na última sexta-feira (11) no evento promovido pelo 15º Ofício de Notas no Hotel Fairmont, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.
A reunião teve início com a fala da tabeliã Fernanda Leitão. Ela ressaltou que o 15º Ofício de Notas já adota os valores de ESG, sigla em inglês para “Meio ambiente, Social e Governança”.
— O mundo está em constante transformação. Transformações estas que convergem para o mesmo lugar: a ressignificação das relações humanas. Somos um cartório verde. Buscamos todos os dias práticas sustentáveis.
A apresentadora e atriz Regina Casé fez o discurso de abertura dos debates. Ela alertou que as empresas precisam adotar medidas que de fato promovam a inclusão de pessoas pretas, LGBTQIA+ e com deficiência.
— Isso precisa sair do âmbito da filantropia e da caridade. As empresas precisam andar para frente. O propósito precisa ser real, diário. Não é só cumprir cota. Pode sim gerar lucro e ter diversidade.
O debate mediado pela jornalista Giuliana Morrone teve a participação da filósofa Djamila Ribeiro, uma das maiores vozes da luta antirracista no Brasil. Ela destacou que a História negou a existência do racismo por muitos anos.
— A ideia romântica de democracia racial dificultou o entendimento do que é o racismo no nosso país. Não é só uma questão individual, é uma estrutura que nega oportunidades para pessoas negras e indígenas. Precisamos implantar políticas públicas de enfrentamento a essa estrutura.
Mãe de dois filhos, a chef, apresentadora e ativista Bela Gil falou sobre as dificuldades que a mulher enfrenta no mercado de trabalho.
— Nenhum homem que é pai de 11 filhos é perguntado pelo patrão se ele vai dar conta do trabalho. A mulher, pelo contrário, já é perguntada se tem filhos, se vai engravidar. Uma maneira de diminuir a discriminação é unificar a licença parental para pais e mães, ao invés da licença maternidade.
O CEO da ONG Gerando Falcões, Edu Lyra, destacou que as comunidades têm muito potencial de transformação através do engajamento social.
— Nenhuma cidade muda se a sociedade não muda. O contrário de pobreza não é a riqueza, mas sim a dignidade — declarou Edu, que também revelou que o Morro da Providência, favela da Zona Central do Rio de Janeiro, vai ganhar o projeto “Favela 3D”. A iniciativa leva capacitação e educação para as favelas.
Também participaram do encontro o secretário-chefe da Casa Civil do Estado do RJ, Nicola Miccione, que ressaltou a importância do saneamento básico como medida de saúde pública e a melhoria na Baía de Guanabara. O fundador da G4 Educação, Alfredo Soares, defendeu que o ESG precisa ser um hábito, não só uma ideia ou um selo de marketing.
O discurso de encerramento foi do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux. Ele comentou os assuntos que foram levantados durante o debate e destacou que o Judiciário também adota medidas de ESG.
— No Judiciário, tomamos medidas para que sejam garantidas 30% das vagas em concursos federais para pessoas negras e indígenas. Também utilizamos um programa de inteligência artificial que cataloga processos de desenvolvimento sustentável. O Brasil precisa das ações de ESG.
Créditos das fotos: Vera Donato e Miguel Sá