‘O cinema brasileiro está vivo’

janeiro 23, 2025

Lucy Barreto, pioneira na produção de filmes no Brasil, celebra as três indicações de "Ainda estou aqui" ao Oscar

A produtora Lucy Barreto voltava de táxi para casa quando ouviu da motorista uma pergunta que chamou sua atenção. Ela queria saber se a passageira já havia assistido a “Ainda estou aqui”. Para alongar a conversa, Lucy preferiu dizer que não. “A senhora não pode deixar de ver”, recomendou a moça. O episódio, narrado ao NEW MAG no fim da manhã desta quinta-feira (23), corrobora o contentamento daquela que é uma das mais importantes realizadoras do nosso cinema com as três (sim, três) indicações de “Ainda estou aqui” ao Oscar.

Desbravadora juntamente com Luiz Carlos Barreto, ao lado de quem fundou a LC Barreto, ela sabe melhor do que ninguém o valor de uma indicação ao Oscar. E, como muitos de nós, celebra as indicações conquistadas pelo filme de Walter Salles nas categorias Melhor Filme de Língua Estrangeira, Melhor Atriz (para Fernanda Torres) e como Melhor Filme, feito até então inédito a uma produção nacional.

Lucy já sentiu o frisson de ter uma produção no páreo da mais importante premiação do cinema mundial. Ela já esteve no Kodak Theatre, onde eram realizadas as cerimônias, em duas ocasiões. A primeira delas em 1994, quando integrou a delegação que representou “O Quatrilho”, de Fábio Barreto (1957-2019), e, dois anos depois, quando “O que é isso companheiro”, de Bruno Barreto, concorreu à estatueta de Filme Estrangeiro. Curiosamente, a produção, que também abordou a ditadura militar no Brasil, trazia Fernanda Torres no elenco.

– O cinema brasileiro está aí desde o início do século passado, E essa luta é uma luta diária e mais do que isso: horária. Tudo para que nosso cinema mostre sua força. O cinema brasileiro está vivo, pulsante e forte apesar de tudo – celebra Lucy, cuja produtora festejou 60 anos.

Para ela, são muitos os méritos de “Ainda estou aqui”. Um deles é relacionado à simplicidade da narrativa e, o outro, ao grau de excelência conquistado pela produção em diferentes áreas, que vão das atuações à direção sensível de Salles.

– A simplicidade da história é cativante e soma-se a isso o fato de ser um filme muito bem feito e interpretado em todas as suas áreas, executadas de forma excelente – elogia Lucy,destacando ainda a importância da parceria com uma grande distribuidora para o filme  alcançar a visibilidade merecida no circuito de festivais e exibidores: – Tão importante quanto  a parceria com um distribuidor é a qualidade do produto. Você pode ter um produto excelente e ele passar despercebido dentro desse circuito, o que felizmente não aconteceu com o filme do Walter, cuja produção é parceira da Sony Pictures.

Para a produtora, o cinema é um importante meio para uma nação difundir sua cultura, e o Brasil precisa  incentivar mais sua indústria cinematográfica, a exemplo do que ocorreu nos EUA, nos anos 1920, e do que acontece hoje na Coreia do Sul:

– As pessoas realizam filmes no Brasil por que são movidas por uma obstinação muito grande.

Obstinação comum a muitos de nossos cineastas e que Lucy Barreto conhece muito bem.

 

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