‘O candidato mais competitivo sou eu’

março 29, 2022

O pré-candidato à Presidência Sergio Moro é recebido pela ACRJ e, ao NEW MAG, fala da mudança na Petrobras, da indenização a Lula e de fortalecer a terceira via

Pré-candidato pelo Podemos à Presidência da República nas eleições de outubro, o ex-juiz Sergio Moro foi a figura central de encontro promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), no início da tarde desta terça-feira (29), na sede da instituição, no Centro do Rio. O ex-ministro da Justiça chegou ao local no fim da manhã e, às 12h30m, iniciou sua fala ao público, formado na sua maioria por empresários. O pré-candidato respondeu às perguntas da plateia e, ao fim do encontro, falou com NEW MAG e a outros veículos de imprensa.

Como o senhor viu a mudança na presidência da Petrobras?

O primeiro presidente da Petrobras (do governo Bolsonaro), Roberto Castello Branco, era um grande executivo. Desde então, tem havido trocas e essas trocas são muito mal explicadas. O que se pretende com elas? Isso gera instabilidade no mercado de combustíveis, pelo gigantismo da Petrobras, acaba levando à desvalorização das ações (da empresa) e, como o principal titular é o governo brasileiro, quem perde é o brasileiro. Isso gera desconfiança do investidor estrangeiro. Em relação a essa troca específica, a pergunta é: foi trocado por qual motivo e o que o novo presidente irá fazer de diferente? Como o presidente Bolsonaro não deu sobre isso nenhuma resposta, diria que essa troca não se justifica e só gera instabilidade.

Como eventual presidente, como o senhor pretende lidar com a questão dos preços dos combustíveis?

Sobre a redução dos preços dos combustíveis, ela passa pela adoção de reformas mais gerais e pela retomada do crescimento econômico no Brasil, com o controle da inflação. Não são apenas a gasolina e o diesel que subiram. Nos supermercados, vamos ver uma grande inflação nos preços dos alimentos. É possível, sim, reduzir a tributação sobre combustíveis e a energia no país. Porque isso impacta não só no consumo, mas na produtividade das nossas empresas e na economia. É preciso investir na infraestrutura da distribuição de combustíveis. Assim, a gente consegue avançar. Voltando à troca do presidente da Petrobras, ela é uma grande cortina de fumaça. É para fingir que está sendo feito alguma coisa quando não se está fazendo nada.

De olho numa convergência de forças, como o senhor lida com a possibilidade de parcerias para uma candidatura mais ampla?

Ontem, tive reunião com o presidente do União Brasil (Luciano Bivar) e falei, semana passada, com a Simone Tebet (pré-candidata pelo MDB) e estou falando com outros possíveis candidatos da terceira via. O diálogo é fundamental. E a construção de uma candidatura de centro é um objetivo que todos nós temos de perseguir. Porque o pior para o Brasil é termos Lula e Bolsonaro, que são governos que não funcionaram pura e simplesmente. Agora é inegável que parte do mundo político brasileiro fica muito confortável tanto com Lula quanto com Bolsonaro. Temos princípios e valores incompatíveis tanto com um quanto com o outro. Temos como pressuposto a democracia, a necessidade de se ter um governo eficiente e, por outro lado, defendemos a integridade na política. Então, precisa, sim, ter uma candidatura de centro que resgate o país desses extremos.

Centro com Centrão?

Quando a gente utiliza essa expressão Centrão, estamos nos referindo a políticos que, normalmente, aderem àquela prática do fisiologismo, do toma-lá-dá-cá. Nem todo mundo naqueles partidos específicos aderem a essas mesmas práticas. A gente quer uma política diferente, política baseada em princípios e valores, com absoluto respeito à Legislação. A gente não quer repetir práticas do passado como mensalão e petrolão, no caso do governo Lula, e nem essas práticas atuais, como a do orçamento secreto, que precisam ser revistas.

O senhor abriria mão da sua candidatura?

Nunca fui uma pessoa ambiciosa. Eu me coloquei nessa jornada porque quero mudar o Brasil de verdade, quero melhorar a vida das pessoas. Quero um país íntegro, um país onde eu possa falar para o meu filho que roubar é errado. Que ele tem de estudar, trabalhar, se esforçar e, se ele fizer isso, ele vai ter uma parcela da prosperidade do país. Então, as convergências são possíveis e isso é objeto de diálogo. É importante analisar os candidatos mais competitivos, e o candidato mais competitivo, nas pesquisas, sou eu. Isso é desde dezembro de 2021 e assim permaneço. Agora, quem se abre ao diálogo se abre ao debate. Vamos tratar desses temas com bastante humildade e reflexão.

Num eventual segundo turno, quem o senhor gostaria de enfrentar?

Num segundo turno? Para mim não faz a menor diferença. O que importa é o meu projeto.

Por falar nisso, o senhor falou que tem um plano para a economia sendo elaborado para o seu programa. Quem está auxiliando o senhor nisso?

O Affonso Pastore (economista e ex-presidente do Banco Central).

E quanto ao vice, o senhor já definiu quem vai ser o seu?

É um pouco cedo para falar disso. Estamos ainda em discussão. Isso é ainda prematuro.

E como o senhor recebeu a notícia sobre a decisão de indenização ao ex-presidente Lula pelo ex-procurador Deltan Dallagnol?

Vejo como um tapa na cara dos brasileiros. O procurador se dedicou, se expôs a riscos para combater a corrupção e agora vem ser condenado a indenizar moralmente alguém que sequer foi inocentado? O Lula não foi inocentado. Nenhum tribunal em Brasília disse que ele é inocente. Lula esteve recentemente no Rio e deveria ter visitado o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) porque, ali, se desperdiçou dinheiro público assim como na Petrobras. Foram mais de US$ 20 bilhões. Aquilo (o Comperj) é um monumento à incompetência, à ineficiência e à corrupção que ocorreu durante o governo do PT. Quando se fala hoje que deveríamos ter mais refinarias, o que se gastou no governo do PT com construção de refinarias que, segundo dados do próprio TCU (Tribunal de Contas da União) e estudos da FGV, foram superfaturadas, poderia se construir dez refinarias com o preço de uma. Isso teria feito a diferença no preço dos combustíveis hoje. E agora vem essa decisão condenando o procurador? Mas a população já deu o recado dela. Foi aberta na internet uma arrecadação para que o procurador pudesse pagar e, em 24h (foram 36h), arrecadou-se muito mais do que o valor fixado (arrecadou-se R$ 500 mil). A população sabe quem combateu a corrupção e quem colaborou e viveu da corrupção.

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