Era 2008 quando o affair entre o então presidente da França Nicolas Sarcozy e a ex-modelo Carla Bruni foi revelado pela imprensa. Se pensou que o fato foi dado por algum prestigiado jornal francês, se enganou. O furo coube à brasileira Hildegard Angel, uma das mais importantes jornalistas do país, e foi publicado no Jornal do Brasil, onde Hilde, como é conhecida (e carinhosamente chamada), trabalhava na época.
O fato repercutiu no mundo, e a jornalista foi chamada pelo diário italiano “Corriere della Sera” de “reina de la gossip” (rainha da fofoca). Hilde é de fato rainha. Não da fofoca, como apregoou o jornalão italiano, mas, quando o assunto é colunismo social, nenhuma outra jornalista toma dela a soberania. Afinal, foram décadas dedicadas a essa arte.
No Globo, onde trabalhou por longos anos, no Jornal do Brasil, onde atuou de 2003 a 2010, ou no portal R7, Hilde antecipou fatos, lançou tendências e personagens que viriam a se tornar célebres (as ricaças da Barra da Tijuca, então chamadas de emergentes, são prova disso). Num trocadilho infame com a célebre frase de César, ela veio, viu (muita coisa e soube de outras tantas) e venceu (na profissão). E boas histórias não faltam.
Elas estarão reunidas num livro que a jornalista prepara com suas memórias. Procurada por NEW MAG, Hilde faz mistério sobre o projeto, mas, para tanto, começou a vasculhar o farto acervo de fotos que guarda. Esses achados são compartilhados por ela em uma rede social. São registros como o da noite em que conheceu o príncipe Charles, por ocasião da vista ao Brasil do herdeiro do trono britânico, em 1978.
O livro tratará também de episódios relacionados à História recente do país e, no caso de Hilde, feridas pessoais. Seu irmão, Stuart Angel Jones (1946-1971), foi assassinado nos porões do Exército, quando o país estava sob intervenção militar. Sua mãe, a estilista Zuzu Angel (1921-1976), foi incansável na busca pelo paradeiro do corpo do filho e, em 1976, morreu num acidente de carro, no trajeto onde, hoje, há um túnel com seu nome.
Hilde tem de sua mãe a coragem e a obstinação. Sempre externou sua opinião nos veículos em que trabalhou. E não há de deixar de fora nenhum fato vivido, por mais doloroso que seja. Há de tirar de letra. Até porque a palavra é um instrumento que ela domina como poucos na sua profissão.