Destino mais cobiçado por artistas do mundo inteiro ao longo da História, a capital francesa é também a inspiração do novo espetáculo da Studio3 Cia. de Dança, “Paris”. A obra relembra em passos coreografados grandes personagens das artes do século XX que viveram na Cidade Luz, entre eles Igor Stravinsky, Cole Porter, Isadora Duncan, Chanel e Picasso. Tudo em meio a um cenário monumental, tendo como pano de fundo amores, polêmicas, e eventos históricos, e projeções de vídeo criadas por Ronaldo Zero. O espetáculo, assinado por Jorge Takla e Anselmo Zolla, conta com 13 bailarinos, que farão quatro apresentações gratuitas, dias 15, 16, 22 e 23 de março, no MASP Auditório, em São Paulo.
– Embora Anselmo Zolla tenha coreografado vários espetáculos meus, como “Rigoletto”, “Sonho de Uma Noite de Verão” e “Jesus Cristo Superstar”, é a primeira vez que trabalho com a Studio3. E é um prazer. Todos os bailarinos têm uma sólida formação técnica clássica e contemporânea e uma maturidade na vivência artística, disse Takla, que marcou a história dos palcos brasileiros e do mundo dirigindo óperas e musicais de estrondoso sucesso.
Sobre a inspiração para o espetáculo, Takla afirma que interessava trabalhar com personagens que tinham marcado sua formação. O diretor viveu na Cidade Luz quando seu pai foi embaixador do Líbano na França e, também, quando cursou arquitetura, entre 1968 e 1974.
– Morei muitos anos em Paris e convivi com os trabalhos artísticos de todos esses nomes e seus ecos.
O renomado Anselmo Zolla assina a direção coreográfica e Renata Pati a cenografia. O cenário é monumental e conta com 3 muralhas de 7 metros onde são projetados os vídeos especialmente criados por Ronaldo Zero. Já o figurino de Fábio Namatame passeia entre o luxuoso e o onírico, o histórico e o contemporâneo. A direção musical é de Felipe Venancio, a iluminação de Joyce Drummond e a assessoria de imprensa e relações públicas de Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho.
– A Studio3 Cia. de Dança tem como característica sempre trabalhar com um diretor cênico convidado. Sempre quis muito que o Takla viesse trabalhar conosco. Poder mergulhar nessa viagem, conhecer melhor esse universo permeado por grandes artistas em um trabalho muito delicado, com muita pesquisa e afinco, para mim, como coreógrafo criador é um presente e um privilégio, disse Zolla.
Embora talvez menos conhecido do grande público, Boris Kochno, poeta, dançarino e libretista russo que viveu em Paris, é uma figura que amarra diversas ações e tramas dançadas pelos bailarinos. Ele é, segundo Takla, o grande artista e cronista da vida artística do período que a encenação compreende, testemunha de muita arte. Amante de Cole Porter, Kochno teve contato artístico com diversos outros nomes da montagem, onde os personagens se unem em narrativas de vida, como é o caso de Chanel e Marlene Dietrich, amigas, ou Josephine Baker, que atuou como vedete, cantora e bailarina, primeira grande estrela negra das artes cênicas e importante figura na resistência francesa antinazista.
Sobre o processo artístico, Takla festeja a possibilidade de ter trabalhado por seis meses junto aos bailarinos da companhia entre laboratórios e ensaios.
– Foi uma alquimia muito intensa que resultou em um frasquinho de 60 minutos que o público vai poder agora conferir. Muito do que será apresentado nesse espetáculo, descobri por meio dos olhos de mademoiselle Chanel.
Crédito de fotos: Leandro Menezes