Ao longo da sua criação, Samir Murad ouviu do pai, imigrante libanês, incontáveis histórias. Muitas delas tratavam da necessidade de se adaptar a uma nova vida. O menino cresceu e, no teatro, desenvolveu uma linha de pesquisa pautada pelos ensinamentos de Antonin Artaud (1896-1948), na qual o corpo do ator é um elemento de suma importância para a criação – da personagem à dramaturgia. E seu trabalho mais recente, “Cícero – A anarquia de um Corpo Santo”, no qual contou a história do mítico Padre Cícero (1844-1934), é uma prova do quão visceral é a relação com seu ofício.
Murad volta aos palcos este ano pautado por uma nova busca. E isso vale tanto para a encenação, dividida com Delson Antunes, quanto para a narrativa. Em “O cachorro que se recusou a morrer”, que estreia nesta sexta (06), no Brigitte Blair, em Copacabana, Zona sul do Rio de Janeiro, ele costura as histórias ouvidas dos pais às próprias memórias, num resultado que o aproxima do público sem subterfúgios.
– Acredito que essa história cumpre a função essencial do teatro: emocionar e provocar uma reflexão sobre a condição humana – explica ele destacando o intuito de uma comunicação mais direta com a plateia: – Quero uma nova forma de narrativa, mais simples, mais contida e essencial. Meu foco, é a alma do texto. O diálogo com o público.